Um exposição de bustos presidenciais em barro, inaugurada na semana passada,organizada pela câmara de Barcelos e aprovada para ser exposta nos corredores da Assembleia da República, motivou uma reacção intempestiva e desproporcionada por parte dos partidos da esquerda parlamentar .
De acordo com a notícia do jornal Público, que pode ser lida na integra em baixo, tudo começou "com um protesto do PCP numa comissão, seguiu-se um debate em plenário e acabou com uma reunião de emergência da comissão de Educação [na passada 4ª feira]. O dia terminou como começou: A exposição mantém-se".
Numa semana com tantos problemas na educação e com um país a saque e desgovernado, a esquerda parlamentar não encontrou nada mais interessante para fazer e perder tempo do que andar a discutir uma inócua exposição de bustos e "múmias".
Esteticamente a dita exposição é um autentico monumento ao mamarracho, os textos não passam de um mero desfilar do curriculo burocrático sobre as "individualidades" em exposição, mas isso não me parece que merecesse tanta atenção por parte dos senhores deputados.
Também não percebo porque é uma exposição que tem por tema o centenário da República e recordar os que ocuparam os mais "altos cargos da nação" durante os últimos cem anos deve ser alvo de qualquer censura.
A desculpa de branqueamento do "fascismo" também não pega. Esconder que quase metade do regime republicano foi passado em ditadura, isso sim, seria branquear o regime deposto em 25 de Abril.
Referir que na casa da democracia apenas devia ter lugar a recordação daqueles que foram eleitos democraticamente também não pega, já que apenas os últimos quatro presidentes (Eanes, Soares, Sampaio e Cavaco) foram eleitos pelo voto popular.
Durante a República os presidentes eram eleitos pelo parlamento e a única excepção foi a do "democratico" Sidónio Pais, o único a ser eleito por voto "univesal" (com o maior corpo de eleitores até então) embora ..como candidato único. E o mesmo aconteceu com a primeira eleição de Carmona.
Durante o Estado Novo, realizaram-se vários simulacros de eleições para os respectivos presidentes da República, farsa que terminou definitivamente em 1958 quando o candidato do regime, Américo Tomás, e o seu protector Salazar, apanharam um valente susto com Humberto Delgado. A partir daí Américo Tomás foi sucessivamente reconduzido por uma assembleia corporativa fiel ao regime.
Já em democracia, os dois primeiros presidentes da República, Spínola e Costa Gomes, também não foram eleitos para o cargo.
Por tudo isso parece-me disparatado perder tempo a discutir essa exposição.
Mesmo que a sua qualidade estética e os textos que a acompanham sejam duvidosos, a censura a um evento destes é bem pior.
Mais uma vez a esquerda portuguesa volta a dar um tiro no pé.
2 comentários:
Perfeitamente de acordo com as tuas considerações.
Abraço
Mais durante a 1ª republica só o Sidónio pais foi eleito por sufrágio universal.
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