O debate sobre a possível extinção do ADSE trouxe à baila,
em sua defesa por parte dos comentadores do costume, toda a raiva anti
funcionário público, que eles se têm encarregado de tornar os judeus do século
XXI.
Que é “um privilégio”, que não garante a igualdade de
tratamento em relação aos privados e o blá, blá,blá habitual.
Esqueceram-se apenas de alguns “pormenores”, revelando assim
toda a sua ignorância e má-fé.
Em primeiro lugar, todos os funcionários públicos e
pensionistas da CGA descontam mensalmente 1,5% do seu ordenado para essa
instituição.
Em segundo lugar, esse desconto é automático e nunca se pode
fugir a ele.
Em terceiro lugar, se o valor a descontar tem vindo a
aumentar, os benefícios têm vindo a ser reduzidos.
Em quarto lugar, muitos funcionários descontam há décadas
para esse serviço e, a ser extinto, devem ser indemnizados por esse pagamento,
tendo em conta a sua capitalização ao longo de décadas (se as regras são estas
para o sector financeiro, penso que o serão igualmente para os cidadãos que
“emprestam” dinheiro ao Estado).
Em quinto lugar, os funcionários mais velhos e os
pensionistas que têm direito a um serviço que pagam, se este vier a ser
extinto, não vão ter acesso a um outro “seguro” de saúde, dado que os privados
põem limites à idade dos seus clientes.
Posso ainda dar o exemplo do meu caso pessoal. Aqui em casa
aquilo que pagamos num anos para o ADSE é equivalente ao que pagamos por ano
para um seguro privado, que nos dá muito mais garantias e cobre muitos mais
riscos do que aqueles que são cobertos hoje pela ADSE.
Devo ainda dizer que, foi graças ao facto de ser utente da
ADSE que ainda estou hoje vivo, pois pude antecipar uma operação que teria sido
mais tardia e, eventualmente, com um resultado diferente, se estivesse à espera
de vez para a fazer . Claro que este último argumento, vai ao encontro do que
essa gente defende, pois o objectivo é
reduzir as pensões e os gastos com a saúde através da morte rápida dos
portugueses velhos e doentes, pois estes “gastam” dinheiro ao Estado e o
Estado, segundo a ideologia dos mesmos, apenas serve para garantir os
“compromissos” com o sector financeiro e não tem de garantir qualquer
compromisso assumido para com os seus cidadãos.
E já agora, como funcionário público, será bom recordar que
estes são os únicos com impostos em dia e os únicos que pagam os seus impostos
em proporção real com os seus rendimentos, sem beneficiarem de qualquer dedução fiscal para uso de
consumíveis da sua actividade.
Os funcionários públicos não podem fugir com o seu dinheiro
para os paraísos fiscais, nem podem atrasar-se no pagamento dos seus
compromissos fiscais, nem beneficiam que qualquer perdão fiscal.
E, já agora, se os funcionários públicos têm em média
salários mais altos do que os trabalhadores do privado, diferença que mesmo
assim ainda está por provar, tal se deve porque o estado tem ao seu serviço
gente mais qualificada e, também, por desmérito dos empresários privados que
pagam mal aos seus “colaboradores”, como agora chamam aos trabalhadores.
Esses tipos deviam também saber distinguir entre os
funcionários públicos que de facto prestam serviço aos cidadãos e que ocuparam
essas funções por concurso público transparente e objectivo, daqueles, que já
são muitos, que entraram para a administração pública por cunha, para agradar à
clientela partidária.
Misturar tudo no mesmo saco, como o fazem certos
comentadores e políticos, é desonesto e demagógico.
É caso para dizer que…quero o meu dinheiro de volta!
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