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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Na Morte de Jaime Neves – o homem que “me" quis matar”.



Na edição de hoje do jornal Público pode ler-se uma excelente biografia sobe o recém falecido Jaime Neves. 

Intitula-se esse trabalho, da autoria do jornalista Paulo Moura, “o anti-herói da revolução – Jaime Neves”, contrapondo-o aos dois “heróis” da revolução, Otelo e Salgueiro Maia.

Nessa biografia ressaltam as qualidades militares, mas também a ambiguidade e o carácter tendencialmente violento daquele militar, sendo ainda hoje obscura a razão que o levou a atacar a sede da Polícia Militar em 26 de Novembro de 1975, já depois destes se terem rendido, o que provocou vários mortos e quase um banho de sangue, entre eles um conhecido meu.

Paulo Moura conta que Jaime Neves, já depois de consolidada a vitória dos militares moderados que fizeram o 25 de Novembro, foi pedir ao então Presidente da República, Costa Gomes, “mais sangue”, pois “queria que todos os líderes da esquerda militar fossem presos ou mesmo (segundo alguns testemunhos) executados, que o Partido Comunista, todos os partidos da extrema esquerda e a Intersindical fossem ilegalizados”.

Felizmente imperou o bom senso de um Costa Gomes, de um Ramalho Eanes, de um Melo Antunes ou de um Salgueiro Maia. O próprio Otelo revelou mais bom senso na altura, ao recusar dar ordens às tropas sob o seu comando para reagirem ao golpe do 25 de Novembro. E até Álvaro Cunhal impediu uma reacção dos militantes e simpatizantes do PCP.

Se tivessem vingado as teses defendidas por Jaime Neves o 25 de Novembro ter-se-ia transformado numa sangrenta  e vingativa “pinochetada” e muitos, como eu, que tinham andado envolvidos no sonho que se abriu com o 25 de Abril, talvez já não estivessem cá hoje para escrever isto.

É caso para dizer que, com a morte de Jaime Neves morreu o homem  que me “quis matar”.

 Que descanse em paz!.


Público - Jaime Neves, o anti-herói da revolução

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