Na sua segunda tomada de posse como Presidente dos Estados
Unidos, que ontem decorreu, Barack Obama fez um dos discursos mais fortes do
seu mandato, apresentando ideias concretas para desenvolver neste segundo
mandato.
Apontou como linhas da sua actuação política, para além da
defesa da paz e da liberdade, dois conceitos que as políticas dos seus
antecessores têm esvaziado de sentido, a
defesa, de forma clara, de medidas para combater as alterações climáticas, mas
também, e de forma directa e clara, a defesa de um Estado Social que ele tem
tentado construir mas que tem esbarrado contra o boicote da extrema-direita
republicana.
Surpreendente foi a defesa, pela primeira vez num discurso
de tomada de posse, da igualdade de direitos para os homossexuais. Mas defendeu
igualmente uma classe média próspera, a igualdade salarial entre homens e
mulheres, a igualdade de oportunidades e um melhor e mais justo acolhimento de
imigrantes.
Está aí todo um programa político que devia servir de modelo
à esquerda europeia que anda à deriva e impotente perante a ofensiva neoliberal
do BCE, do FMI, do Conselho Europeu e da
srª Merkel.
Obama parece assim remar contra a maré que está a destruir a
Europa e os europeus e surge assim como um sinal de esperança, com a mesma
força com que Roosevelt, com quem Obama começa a ser comparado, apareceu para
enfrentar a deriva totalitária em que a Europa tinha mergulhado nos anos 1930.
O Presidente vai ter de enfrentar todos os poderosos que
dominam o mundo das finanças, a extrema-direita que hoje lidera o Partido
Republicano e os lobbies do armamento. O mundo das finanças, através das
agências de rating e dos “relatórios” do FMI,
vão fazer tudo para destabilizar as intenções de desenvolvimento económico e de justiça
social que estão por detrás das intenções e do discurso de Obama. Os
republicanos vão usar toda a sua influência nos meios de comunicação por si
controlados e o seu peso político no Congresso para boicotarem o programa do
Presidente. Por , último, mas não menos perigoso, vai ter contra si um
aguerrido lóbi em defesa do armamento civil, que, sem rodeios, já começou a
ameaçar a vida do próprio presidente.
Se Obama chegar ao fim deste mandato, vamos ter uma nova
América que poderá ser o exemplo e o modelo a seguir pela Europa à deriva. Mas
o caminho vai ser longo, enfrentando
inimigos poderosos e perigosos.
Sem grandes ilusões sobre alguns aspectos da política
tradicional norte-americana, daqui saúdo o segundo mandato de Barack Obama.
Obama’s Inauguration Speech(clicar para ver videos da tomada de posse).
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