No Financial Times, jornal de referência para os ideólogos
do modelo neoliberal que está a ser imposto aos cidadãos europeus, começam a
surgir artigos e opiniões questionando a necessidade da democracia, que
consideram um empecilho à imposição das “necessárias” medidas de austeridade e
ao objectivo do “equilíbrio” orçamental da Europa. Estas ideias têm fiéis
executores na Comissão Europeia, uma instituição sem controle democrático por
parte dos cidadãos europeus e que se comporta, cada vez mais, como um "Comité
Central" da “revolução” neoliberal em curso.
Responsáveis financeiros e economistas da Alemanha estão na
Coreia do Norte, como conselheiros da ditadura aí instalada, para “ajudarem” a
construir o modelo de “desenvolvimento” económico deste país, elogiando as condições
de “competitividade” da Coreia do Norte, garantidas pela falta de direitos
socias e pela existência de uma
mão-de-obra miserável e barata. Já se sabia da admiração do poder
financeiro ocidental pelo “milagre” chinês e da sua simpatia por sistemas ditatoriais, desde que sejam um bom negócio para os "mercados". Fica agora evidente que a Coreia do
Norte vai a ser a cobaia para experimentar um modelo a aplicar na Europa, pelo poder financeiro e
pelos economistas neoliberais alemães.
Por cá, os representantes dessa ideologia tentam subverter a
ordem legal, lançando sobre a nossa Constituição, que pode ter muitos defeitos,
mas devia ser democrática e legalmente respeitada, as “culpas” pela dificuldade
em realizar as tão apregoadas “reformas estruturais” (leia-se, desvalorização
dos salários, cortes nas pensões, destruição dos direitos sociais,
empobrecimento das populações, instabilidade no emprego e destruição do direito
à saúde e à educação).Até já falam de uma Constituição “feita” pelo PREC e pelo
PCP, para justificarem o seu ódio aos direitos constitucionais. Só se esquecem
de dois pormenores: O PREC acabou em Novembro de 1975 e a Constituição foi
aprovada em Abril de 1976. Além disso, desde esta data, o poder tem sido
partilhado pelo “centrão” que já alterou a Constituição a seu belo prazer, as
vezes que foi necessário. A actual Constituição, para o bem e para o mal, já
nada tem a haver com o texto inicial e foi aceite pelas instituições internacionais
como democrática. Para essa gente, a Constituição e o respeito pela lei são um
empecilho à sua revolução neoliberal, seguindo aquela máxima segundo a qual “se
o povo não presta, mude-se de povo”.
Três notícias que, aparentemente, são distintas entre si,
mas que revelam que a democracia, a liberdade e os direitos constitucionais
estão agora na mira da “revolução” neoliberal que domina o poder ideológico,
político e financeiro europeu.
Começa a ser tempo de os cidadãos europeus dizerem basta e
tomarem nas suas mãos o destino do projecto europeu.
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