É essa a conclusão que se pode tirar da atitude de Mubarak, que procura ganhar tempo, ameaçando manter-se no poder até Setembro.
Para os que esperavam que Mubarak se retirasse com “dignidade”, nomeadamente os seus aliados ocidentais, a resposta ficou dada no discurso que o ditador dirigiu ontem ao país.
Essa comunicação do ditador trouxe-me à memória a imagem patética do ditador romeno Causescu, assomando à varanda para acenar aos manifestantes que ele julgava que o estavam a aclamar, quando na realidade se manifestavam contra a ditadura, derrubando-a de forma violenta logo a seguir.
Infelizmente Mubarak prefere mergulhar o país num banho de sangue ou numa guerra civil, a deixar o poder.
O exército hesita e os esbirros de Mubarak ganham força e já estão na rua a provocar e a agredir as forças democráticas.
O ocidente devia aprender com o que se está a passar no Egipto e perceber que a guerra fria já terminou e que não pode continuar a fechar os olhos às ignomínias dos seus ditadores de estimação, semeados pelo mundo fora em nome da contenção do comunismo.
O ocidente , nomeadamente os neoconservadores, deviam também aprender que a democracia não se impões pela guerra , como aconteceu com o Iraque, mas sim apoiando as forças democráticas dos países oprimidos e aceitando os resultados da democracia, mesmo quando estes não são do seu agrado (…lembram-se da Argélia?).
A festa acabou, agora tem início uma nova etapa, mais violenta e que, por culpa do ditador, irá dar força a quem não a tinha, aos radicais islâmicos.
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