A moção de censura que o Bloco de Esquerda (BE) anunciou no parlamento tem levantado uma onda de verdadeiros disparates um pouco por todo o lado.
Em primeiro lugar, é bom sublinhar, a apresentação de uma moção de censura é um instrumento constitucional, ou seja, é um instrumento DEMOCRÁTICO.
Querer apresentar essa iniciativa do BE como uma espécie de “traição à Pátria”, parece um autêntico disparate anti-democrático.
Claro que o momento talvez não seja o mais oportuno, tendo em conta que a alternativa a este governo, caso essa moção fosse aprovada, seria mais do mesmo, para pior, na versão imposta pelas gentes do Compromisso Portugal que parecem orientar a actual direcção do PSD.
Em segundo lugar, quando se apresenta uma moção de censura, o primeiro objectivo é ….conseguir que seja aprovada.
Ora, apresentar esta moção com a leviandade com que o próprio BE a apresentou, ainda por cima quase que fazendo um apelo ao PSD para não a votar, é um verdadeira palhaçada política.
A mim parece-me que esta moção só tem dois objectivos para o BE: por um lado antecipar-se ao PCP ; por outro demarcar-se do PS, depois de andar de braço dado com os barões deste partido na falhada candidatura de Manuel Alegre.
Mas a comunicação social não está isenta de responsabilidades pela barafunda e pelo ambiente circense em que a política portuguesa actual está transformada.
Talvez seja bom recordar que foi numa entrevista dada por Jerónimo de Sousa à Antena 1 que tudo começou. A uma pergunta sobre a possibilidade de o PCP apresentar uma moção de censura, o líder comunista respondeu com o óbvio : seria sempre um instrumento constitucional a ponderar.
A partir daí a restante comunicação social e os seus “politólogos” de serviço trataram de ampliar e especular até à exaustão as palavras de Jerónimo de Sousa, o que obrigou este a desmentir qualquer intenção imediata em recorrer a uma moção de censura.
O assunto parecia começar a estar sanado, eis senão quando, caindo na armadilha do mediatismo e protagonismo imediatos, Louçã lança para a mesa a Moção de Censura.
Está no direito de o fazer, mas a forma precipitada como o fez denota algum nervosismo do BE e irá contribuir para dar um novo alento ao decrépito governo “socialista” pois, depois do previsível chumbo dessa moção, nenhum partido da oposição terá, nos próximos tempos, espaço de manobra para voltar a apresentar outra moção de censura com consequências.
Como diria o velho almirante…”É só Fumaça”!
Sem comentários:
Enviar um comentário