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terça-feira, 2 de novembro de 2010

UM ORÇAMENTO REVELADOR


(enquanto oiço Sócrates a desfilar as “maravilhas” do orçamento…)

A aprovação do Orçamento de 2010 e a telenovela que o antecedeu foram bem reveladoras do cinismo e da mentira em que a política portuguesa se tem afundado nos últimos tempos.

Em Primeiro Lugar, não deixa de ser significativo que tenha sido o partido teoricamente à “direita” de Sócrates que o tenha forçado a impedir que o IVA fosse aplicado aos bens alimentares de primeira necessidade ou evitasse o aumento de impostos para os escalões mais baixos do IRS.

Se dúvidas houvesse sobre o valor dos galões “socialistas” que Sócrates passa a vida a exibir, este simples facto revela toda a aldrabice dos seus “ideais”.

Em Segundo Lugar, o facto de os “mercados” manterem os juros em alta, apesar da decisão do PSD em deixar passar o Orçamento, mostra que não é cedendo às exigências desses ditos “mercados” que os vamos contentar. Os “mercados”, que são dominados por gente social, humana, cultural e politicamente execrável, comportam-se como aqueles cães de fila ou aqueles rufias que, se virem por parte da vítima um ligeiro sinal de receio ou de cedência, só ficam contentes quando a destroçarem totalmente. A melhor maneira de dominar esses “mercados” é enfrentá-los sem medo, ou ignorá-los, caso contrário eles não largarão nunca a sua presa (vejam o que aconteceu com a Irlanda).

A forma impune como os “mercados” se têm comportado, é igualmente reveladora da incompetência do BCE do senhor Trichet e do seu “criado” Constâncio, que emprestam aos “mercados” com juros a 1% enquanto estes impõe juros 5 ou 6 vezes superiores, aproveitando-se da dificuldade de alguns países.

Em Terceiro Lugar, não deixa de ser significativo que, durante a semana em que foi negociado o Orçamento cuja aprovação foi defendida em nome da “crise”, alguns Bancos portugueses tenham revelado o aumento dos seus lucros, mostrando onde está o dinheiro que tem sido saqueado aos portugueses e que tipo de “crise” é esta.

Esta situação demonstra que, quem provocou a crise está a lucrar de forma ignóbil com a mesma, beneficiando do saque de salários e impostos que lhe é concedido pelos governos através das constantes “ajudas”, seja por via de financiamentos aos bancos em dificuldades, seja por via da aprovação de leis que beneficiam a actividade financeira, seja pela isenção fiscal que é concedida a essa mesma actividade.

Sócrates já não está a cumprir nem uma única promessa que lhe garantiu a última vitória eleitoral e, ao não apontar um rumo para o país que possa justificar os sacrifícios, faz da aprovação deste orçamento um mero balão de oxigénio para a sua sobrevivência política, tendo por único objectivo conter cobardemente a avidez da srª Merkel e dos “mercados”.

Aliás, não deixa de ser revelador que venha do presidente do FMI o único aviso credível para resolver a crise: é necessário encontrar soluções para combater o desemprego, sendo este o problema mais importante, mais importante que a obsessão pelo deficit.

Só haverá emprego sem desenvolvimento económico e este orçamento não apresenta uma única solução inovadora para o crescimento do País

Pelo contrário, este orçamento vai lançar o país na recessão e não vai evitar a intervenção a prazo do FMI.

Ou seja, vamo-nos sacrificar para nada!.

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