O século XVIII foi o século das “luzes”, o século XIX o século da liberdade, da igualdade e da abolição da escravatura, o século XX, o da afirmação da democracia e dos Direitos Humanos e Sociais.
O século XXI devia ser o século da abolição da guerra como modo de resolver os conflitos entre os homens.
Infelizmente, o início deste “novo” século tem sido marcado pela violência mais abjecta (11 de Setembro, Iraque, Afeganistão…), pela afirmação do militarismo (Irão, Coreia do Norte, um pouco por toda a África e Médio Oriente…) e pela marginalização da única organização credível, a ONU.
Se acrescentarmos a tudo isto o retrocesso social que muitos defendem, numa verdadeira guerra social lançada pelos sectores político/financeiros contra quem trabalha e produz, com repercussões que ainda não são possíveis de prever, assim como o abismo ambiental para onde a ganância economicista nos está a atirar, este século promete ser um dos mais negros da história da humanidade .
É neste contexto caótico que organizações como a NATO encontram “sentido” e “credibilidade”.
Nascida para defender a Europa Ocidental da expansão soviética, numa altura em que Stalin ainda governava, a NATO, que foi anterior à criação do Pacto de Varsóvia, perdeu grande parte do seu sentido com o fim da guerra fria.
Além disso é uma organização de duvidoso sentimento democrático, não só pela forma como os Estados Unidos a dominaram durante décadas, mas também por não lhe repugnar ter aceitado como fundador o Portugal de Salazar ou o aliar-se às mais abjectas ditaduras.
Organização defensiva, após a queda do muro de Berlim o mais lógico era dissolver-se, criando a Europa a sua própria política de defesa, eventualmente colaborando com os Estados Unidos, preferencialmente no seio da ONU.
Contudo, nesta, como noutras situações, os líderes europeus mostraram-se totalmente incompetente para traçarem um caminho comum, numa história que agora se repete na política financeira.
Com o pretexto de combater o terrorismo, os Estados Unidos quiseram transformar a NATO numa espécie de polícia do mundo, ao mesmo tempo que procuravam esvaziar a ONU do seu poder e competência.
É a assim que a NATO, condenada a desaparecer se o mundo fosse um mundo justo, se reforçou militarmente com as suas intervenções criminosas na Sérvia, no Iraque (aqui num papel totalmente subalterno em relação ao “dono” norte-americano) e no Afeganistão.
Quando uma das esperanças do fim da guerra fria era o reforço da capacidade de liderança mundial da ONU e o desinvestimento no militarismo, o que aconteceu foi o inverso: um crescente reforço do militarismo agressivo e uma crescente dependência do ocidente em relação aos desígnios estratégicos norte-americanos, situação que conhece alguma acalmia durante este interregno da governação de Obama, mas que, não haja ilusões, irá regressar em força e ainda mais agressivo quando os republicanos regressarem ao poder.
Num mundo justo, onde os direitos dos povos fossem respeitados e a ONU assumisse as funções para as quais foi fundada, a NATO seria uma organização de párias, condenada ao fracasso.
Que ninguém se iluda: no mundo em que vivemos a NATO continuará a ser uma organização temida e pujante, que alimentará uma lucrativa industria militar e de morte , justificando-se com a existência de inimigos abjectos como os terroristas e os exércitos de Estados párias.
Uns não podem sobreviver sem os outros
São as duas faces da mesma moeda.
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