Há 35 anos, como tem sido meu “hábito” ao longo da vida, estava no lado errado da história.
Claro que nessa altura já não tinha grandes ilusões sobre o desfecho da “revolução” de Abril. Desde o verão desse ano que já não se lutava por ideais ou por uma sociedade mais culta e mais justa, mas apenas pelo poder.
A esquerda dividia-se em grupos e grupinhos, o PCP começava a abandonar o barco e só lá andava para controlar qualquer iniciativa popular que lhe pudesse fugir ao controle. O PS já se tinha “vendido” ao sr. Carlucci.
Com a distancia do tempo passado devo dizer : ainda bem que o desfecho do 25 de Novembro foi o que aconteceu: os sectores moderados do MFA (grupo dos 9) conseguiram controlar o desejo de sangue por parte dos sectores mais radicais (Jaime Neves e outros), Otelo travou o avanço das tropas sob seu comando, evitando um banho de sangue e, eventualmente, a Guerra Civil, e Costa Gomes revelou-se como um elemento fundamental no equilibro de tensões.
O bom senso acabou por imperar, a democracia, mesmo coxa e muito imperfeita, consolidou-se e o país conheceu alguma estabilidade que lhe permitiu, como todos os indicadores sociais o comprovam, algum desenvolvimento que nos colocou perto da prosperidade.
Claro que o neo-liberalismo dos anos 80-90 e a corrupção política que se seguiu e a ele se associou, não deixou que o país se desenvolvesse como gostaríamos.
Hoje estamos mal, mesmo muito mal, mas estaríamos ainda pior se o desfecho desse dia de há 25 anos tivesse sido diferente do que foi.
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