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sábado, 28 de novembro de 2009

Ordens do Dia de Beresford (7) Setembro a Novembro de 1809


SETEMBRO , OUTUBRO e NOVEMBRO de 1809


O trimestre de Setembro a Novembro de 1809 passou-se nalgum sossego, aproveitando-se para tomar medidas de organização e disciplina no exército, permanecendo o Quartel General, ao longo desse tempo, no Quartel de Calhariz:
“O Exercito tendo voltado aos quartéis, em que actualmente se acha, por motivo de poder mais promptamente tornar a pôr-se em estado de renovar as operações pela facilidade, que assim há de prover os Soldados dos artigos do Vestuario” recomendando-se aos oficiais do comando que “aproveitem a occasião, não somente pelo que respeita ao Vestuario, mas também para a disciplina, e para tudo que póde concorrer para o restabelecimento, e prevenção da saúde dos Soldados; e para este ultimo objecto, o aceio he absolutamente necessário”, responsabilizando os oficiais por manterem os soldados que estão sob seu comando “sempre lavados, barbeados, em fim aceados no corpo, na cabeça, nas mãos, e nos pés”. Para esse fim, considera necessário “que cada Soldado esteja sempre fornecido de sabão (…) assim como outros pequenos artigos para o seu aceio, e do seu Vestuario, como pentes, escovas, &c. O Soldado Portuguez deseja tanto, como qualquer outro, apresentar-se com ar de Soldado, e aceio, que he natural” (OD, 11 de Setembro de 1809).
Recomendava-se ainda que “He bem necessário, que cada Soldado escove o seu fardamento todos os dias, o que sendo-lhes determinado, deve ser castigado se o não fizer. Deve ser prohibido o costume de se deitarem sem se despirem” (OD, 26 de Setembro de 1809).
A falta de hábitos de higiene, bem como os hábitos de desprezar o vestuário, levaram a que “O Marechal Commandante em Chefe “ observando “que os Soldados trazem durante o dia os seus capotes, e mesmo em todas as occasiões” explicasse que “os capotes só são para o serviço da noite, e he impossível, que usando-os como os usão presentemente elles possão durar. Toda esta neglicencia he falta de attenção dos Officiaes, e Officiaes inferiores, e ordena o Marechal Commandante em Chefe, que os capotes andem enrolados, durante o dia, e que não se ponhão senão durante a noite, e do serviço, e que os soldados procurem garupas, para os trazerem, quando estiverem de guarda, e quando marcharem, occasiões nas quaes os devem conservar enrolados durante o dia” (OD, 20 de Novembro de 1809).
Referindo-se às dificuldades no fornecimento de víveres para as tropas apelava-se aos comandantes dos diferentes corpos do exército “para que hajão de se contentar com a etapa dos géneros, que às Administrações, e feitorias for mais fácil fornecer (…) e igualmente para que a Tropa receba a ração de vinho hum dia sim, outro não, devendo satisfazer-se-lhe depois no fim do mez as rações, que deixarem de receber, a razão de vinte réis por cada ração” (OD, 1 de Novembro de 1809).
A disciplina era outro dos problemas habituais:
“O Marechal (…) tem observado que nas differentes Guardas estãoeffectivamente auzentes muitos homens, prática contra todas as regras militares” ordenando que os oficiais visitem com frequência as Guardas, “tanto de noite, como de dia” (OD, 23 de Outubro de 1809).
A constante deserção dos soldados era outra das consequências da falta de disciplina militar:
“O Sr. Marechal observando, que são de nenhum effeito os meios suaves para obstar á deserção dos Soldados do Exército, pois que esta continua com a mesma frequência, cuja causa só póde ser falta de patriotismo, ou fraqueza, procurando assim evitarem combater com o inimigo” avisa mais uma vez que “todo o que desertar depois desta Ordem, soffrerá em todo o rigor a pena que a Lei impõe aos desertores em tempo de Guerra, sem que haja com elles indulgencia alguma” (OD, 22 de Setembro de 1809).
Em Setembro e Outubro de 1809 deram-se vários julgamentos por deserção ou indisciplina , que deram lugar a prisão e degredo para África, ou a libertação por falta de provas.
Houve também condenações à morte, comutadas algumas, como aconteceu em Novembro a duas penas de morte por deserção para, substituídas respectivamente “cincoenta pancadas de espada”, num caso, e seis anos de degredo para Angola, noutro caso. (OD, 12 de Novembro de 1809).
Com o objectivo de aproveitar este período de alguma acalmia militar, procederam-se a várias promoções, principalmente nos meses de Outubro e Novembro, tendo em vista preparar e reorganizar os comandos para os novos confrontos que de adivinhavam para breve.

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