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terça-feira, 10 de novembro de 2009

O "MURO" CAPITALISTA ABRE RACHAS ( ?)


No mesmo dia em que se comemorava o 20º aniversário da queda do Muro de Berlim, um inquérito internacional realizado pela BBC revelava que é geral a insatisfação com o modelo capitalista.
Realizado entre os cidadãos de 27 de países, na sua totalidade só 11% dos inquiridos considera que a economia capitalista funciona correctamente. A maioria, 51%, considera que o capitalismo deve ser regulado e reformado para ser corrigido.
Só nos Estados Unidos (25%) e no… Paquistão (21%) é que mais de 20% dos cidadãos inquiridos consideram positivo o sistema capitalista.

"Parece que a queda do Muro de Berlim em 1989 não terá sido uma vitória esmagadora do capitalismo de mercado livre, contrariamente às aparências da época, em particular depois dos acontecimentos dos últimos doze meses", comentou Doug Miller, presidente do instituto de sondagens GlobeScan, que realizou a sondagem.

Ainda segundo esse inquérito, cujos dados foram ontem revelados pela LUSA, pouco “mais de metade dos inquiridos (54 por cento) aprova o desmantelamento da União Soviética, enquanto que 22 por cento o classifica como uma "coisa má" e 24 por cento não se pronuncia”.
Refere a notícia da agência portuguesa de informação que, em “média, 23 por cento dos inquiridos considera que o capitalismo tem defeitos irremediáveis e que é indispensável um novo modelo, sendo os franceses os que mais pensam assim (43 por cento), seguidos pelos mexicanos (38 por cento) e brasileiros (35 por cento).

“Uma maioria dos inquiridos em 17 dos 27 países defende uma maior regulação do mundo financeiro, sendo os brasileiros os mais favoráveis (87 por cento), à frente dos chilenos (84 por cento), franceses (76 por cento), espanhóis (73 por cento) e chineses (71 por cento)”.

A desconfiança dos cidadãos em relação ao modelo capitalista, e à sua face mais negra, o “neo-liberalismo”, parece ter vindo para ficar.
Os crescentes casos de corrupção, ligados à ganância neo-liberal, a tentativa de desregulação do modelo social, a desvalorização do factor trabalho, a imposição das leis selvagens do “mercado livre”, com a destruição ambiental e cultural que este acarreta, e o aumento de desigualdades sociais provocadas por todas essas práticas e ideologias, que arrogantemente se procuraram afirmar após a queda do muro de Berlim, juntamente com as graves consequências sociais da actual crise financeira e o agravamento da crise energética, podem dar inicio a uma profundo movimento de contestação que leve, no mínimo, a uma alteração dos actuais padrões de “desenvolvimento”.

O descontentamento vai crescendo, basta estar atento.

Será que os dirigentes ocidentais não aprendem com que realmente aconteceu em 1989? O “autismo” da classe política actual, a sua arrogância e as certezas na “validade” do seu modelo único de economia e sociedade, não são muito diferentes da atitude de muitos dirigentes da RDA e do bloco “socialista” antes da Queda do Muro.

E, como se viu, a vontade dos povos consegue derrubar toda a espécie de “muros”.

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