A notícia que transcrevemos em baixo já tem uns dias.
Essa notícia revela várias coisa:
- por um lado, a forma como as decisões europeias estão
condicionadas pelos interesses privados dos burocratas que mandam nas instituições
não democráticas, como o Eurogrupo, e estão dependentes do corrupto sistema
financeiro europeu que os emprega;
- por outro, a verdadeira
natureza de personagens como os senhores Schäuber e Gabriel e a forma mafiosa
como funciona o poder europeu;
- também a forma como actualmente a “democracia-cristã” e a “social-democracia”
europeias são cada vez mais a duas faces da mesma moeda, e são coniventes com o
corrupto poder financeiro europeu;
- por último, o pouco impacto que a notícia mereceu por cá dos
comentadores televisivos do costume, é revelador da “independência”
desses propagandistas da austeridade.
Vamos então à notícia:
Eurogrupo quer transferir activos gregos para banco de Schäuble e
Gabriel
Por FILIPE PAIVA CARDOSO, jornal “I” de 12/07/2015 .
“A instituição independente no
Luxemburgo para onde o Eurogrupo propõe transferir 50 mil milhões em activos
gregos é gerida pelo KfW, banco estatal alemão, cujo chairman é Schäuble
“A transferência de “activos no
valor de 50 mil milhões de euros” detidos pelos contribuintes gregos para um
“Instituto do Luxemburgo para o Crescimento” é uma das condições que o
Eurogrupo procura impor à Grécia para iniciar negociações de um terceiro
resgate. Este instituto é no entanto gerido pelo KfW, um banco estatal alemão,
cujo "chairman" é Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças alemão, e
cujo vice-chairman é Sigmar Gabriel, ministro da Economia alemão.
“Assim que a ideia de transferir activos gregos para entidades
europeias foi colocada nas propostas do Eurogrupo levantou-se de imediato
imensa polémica, já que no fundo tal medida representa uma enorme perda de
soberania, algo que Tsipras tem tentado resistir bastante.
“Agora, com o passar das horas, começou a desmontar-se as estruturas de
gestão deste Instituto até à conclusão de que a gestão compete ao KfW, cuja
administração está toda nas mãos dos políticos alemães.
“A polémica no entanto não fica por aqui. É que além de se tratar de um
banco estatal, e além de ter a sua administração dominada pela classe política
no poder na Alemanha, também o poder executivo desta instituição vem com um
pedigree pouco recomendável: OCEO do KfW é Ulrich Schröder, que fez carreira no
WestLB, banco que desde 2008 teve direito a um total de quatro resgates com
dinheiros públicos”.
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