Cavaco Silva tem-se desdobrado em comentários e em previsões sobre a
situação na Grécia.
Se de previsões “cavaquistas” estamos falados ( os espoliados do BES
que o digam), já algumas dessas frases são reveladoras do carácter da figurinha
que nos “calhou” em desgraça como representante do país.
Há quem diga que é nas curvas apertadas da “estrada” que se vêm os bons
condutores.
Infelizmente o espectáculo que tem sido dada pelos governantes
portugueses e pelos comentaristas da
propaganda austeritária, durante estes tempos difíceis para Europa, tem sido confrangedor,
com Cavaco a liderar no disparate político.
Aqui há um mês Cavaco comentava
que o “Governo grego (…) foi aprendendo
que a realidade é diferente dos sonhos e das promessas que foram sendo feitas
na campanha eleitoral.” (18 de Junho).
Se a humanidade se tivesse guiado por essa pensamento ainda vivíamos na
Idade da Pedra.
Mas ela não nos pode surpreender,
pois foi proferida pelo mesmo homem que, no final da década de 60, preencheu diligentemente
um formulário da PIDE para lhe passarem uma declaração de bom comportamento,
declarando a seu favor e para agradar àquela polícia política, quando
questionado sobre a “sua posição e actividade política” que estava “integrado
no actual regime político [o Estado Novo salazarista]”, não exercendo “qualquer
actividade política”. E para reforçar a sua “boa conduta” recorreu, não apenas
às duas pessoas “idóneas” obrigatórias, mas excedeu-se em zelo, acrescentando mais um nome à lista (para
além de um militar e do presidente da junta de freguesia, um obscuro
funcionário público. Só se percebe que tenha acrescentado este nome àqueles
socialmente mais cotados, provavelmente por se tratar de alguém bem cotado
junto daquela Polícia Política [a documentação está amplamente divulgada na
internet e encontra-se no Arquivo da PIDE na Torre do Tombo. Ver também AQUI]).
Para além daquela frase se revelar coerente com o cinzentismo das suas ideias,
revela também uma enorme falta de respeito para com os eleitores que escolhem
de acordo com “promessas eleitorais”. Ou seja, para ele, as promessas e os
programas eleitorais não têm qualquer valor.
Mas o remate do disparate presidencial foi dado há dois dias, com um
frase “lilicaneciana”:
“A zona do Euro são 19 países, eu espero que a Grécia não saia, mas se
sair ficam 18 países” (29 de Junho).
… e , já agora, se Portugal sair a seguir, passam a ser 17… e por aí
adiante.
Estes últimos meses de mandato presidencial só não são penosos porque
vão permitir enriquecer e alimentar o anedotário nacional, arriscando-se Cavaco
a Silva a ultrapassar Américo Thomaz na história do disparate político
nacional.
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