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segunda-feira, 23 de maio de 2011

PASSOS COELHO: De "tiro no pé" em "tiro no pé" até à vitória final de...José Sócrates?


Quando tudo parece correr de feição para o líder do principal partido da oposição, quando tudo parece indicar uma caminhada vitoriosa até à vitória nas eleições, eis senão quando…Passos Coelho, por si, ou por via dos que o rodeiam, resolve dar mais um “tiro no pé”.

Parece que exilar o sr. Catroga para o Brasil para evitar os seus disparates não está a ser suficiente.

Depois de ter batido Sócrates aos pontos no frente-a-frente televisivo, depois de as sondagens anunciarem o inicio da descolagem do PSD face ao PS, eis senão quando Passos Coelho, agora em pessoa, resolve disparar mais um tiro no pé.

Vem tudo isto a propósito da defesa da redução dos feriados como solução para a crise nacional.

Na pressa de agradar à srª Merkel , à CIP e aos “mercados”, parece que Passos Coelho não teve tempo de ler os dados da OCDE sobre as condições de trabalho em Portugal:

Vamos aqui recordá-los:

O nº mínimo de dias de férias na Alemanha é de 20 dias, mas, nos contratos colectivos, a sua média está nos 30 dias.

Em Portugal o número mínimo de férias é de 22 dias, mas nos contratos colectivos não ultrapassa os 25 dias.

Ou seja, neste caso, as diferenças não são significativas e, na prática, até são favoráveis à Alemanha.

Na Alemanha a média de horas de trabalho, por ano e por trabalhador, é de 1380. Em Portugal é de …2199 horas.

Em dias de feriados, aí sim existe uma diferença…uma diferença de três dias favoráveis a Portugal.

Ou seja, no geral, e apesar de termos mais três feriados , trabalha-se anualmente e por trabalhador mais …800 horas por ano.

Isto para não falar nas diferenças salariais e de condições de trabalho entre a Alemanha e Portugal.

Ou seja, se as coisas vão mal em Portugal, se produzimos pouco, tal não se deve ao facto de trabalharmos menos. Tal fica a dever-se, pelo contrário, não só à destruição do nosso aparelho produtivo (industria, agricultura e pescas) por imposição da União Europeia, mas também à má gestão do trabalho ,pela qual são responsáveis muitos dos opinadores que costumam ser muito lestos a culpar os trabalhadores pela situação, ao mesmo tempo que passam o tempo em congressos e a acompanhar comitivas presidenciais e ministeriais, em vez de gerirem as empresas pelas quais são responsáveis, recebendo, ainda por cima, rendimentos e ajudas de custo muito acima de qualquer gestor europeu.

Em conversa aqui há uns anos com um operário que tinha trabalhado no mesmo sector na Alemanha e em Portugal ele, já então, e já passaram muitos anos, resumia de forma clara a diferença entre os dois países: Na Alemanha trabalhava menos com menos esforço, mas produzia mais e recebia mais; Em Portugal trabalhava mais, com mais esforço, mas produzia menos e recebia menos.

Não me parece por isso que esteja na defesa da redução de feriados em Portugal, mais três que na Alemanha, a solução para nos aproximar dos níveis de produtividade desse país.

Ao criar mais um caso à volta desse assunto, Passos Coelho revela, ou ignorância, ou má-fé, ou demagogia, ou todas as três.

A não ser que a demagogia e a ignorância ainda dêem votos em Portugal , com a divulgação de ideias disparatadas como essas, Passos Coelho parece que está pouco interessado em vencer estas eleições e, de “tiro no pé” em “tiro no pé”, vai dar uma vitória de “mão beijada” a quem não a merece, ao engº José Sócrates!

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