A Câmara da Vidigueira, no Distrito de Évora, governada com maioria absoluta pela CDU, decidiu aumentar em cerca de 15% os trabalhadores municipais que recebem o salário mínimo, como objectivo de os “compensar” e os “ajudar a enfrentar dificuldades criadas pelo actual momento complicado de crise”, declarou o presidente do executivo Manuel Narra .
Em contra-partida, todos os funcionários que desempenham funções de nomeação política, como o próprio presidente, vereadores e assessores, vão ver os seus vencimentos reduzidos em 10%.
O executivo comunista pretende assim “dar um sinal ao país, aos outros municípios e ao poder central de que a situação que vivemos é grave e que os políticos, primeiros que todos os outros, devem dar o exemplo, e também apertar o próprio cinto”.
Eis um bom exemplo, principalmente para as luminárias que, do alto dos seus rendimentos e privilégios, vão mandando bocas sobre o congelamento ou redução dos ordenados dos outros, como, por exemplo, o Governador e ex-governadores do Banco de Portugal, Economistas, ex-ministros das finanças, gestores de bancos e empresas públicas ou de nomeação “política” nos privados….
Por mim alinhava numa medida radical, como exemplo para o resto do país: o Estado e a administração pública em geral (Câmaras incluídas) comprometia-se a caminhar no sentido de nunca pagar salários ou reformas acima dos 7 mil euros (incluindo neste montante ajudas de custos e impostos a pagar), ao mesmo tempo que tomaria medidas tendentes a balizar no outro extremo os salários e as reformas em 700 euros.
Como medida imediata, reduzia em 20% todos os salários superiores a 7 mil euros, em 10% os salários acima de 5mil, em 5% os salários acima dos 3 mil, congelando todos os salários entre os mil e quinhentos e os 3 mil.
Pelo contrário, todos os salários entre os mil e os mil e quinhentos teriam um aumento de 5% e todos os que fossem inferiores a mil euros teriam um aumento de 10%.
Todas essas medidas seriam complementadas por uma reorganização do sistema fiscal, de forma a penalizar fortemente os rendimentos obtidos através da actividade financeira ou especulativas, beneficiando os obtidos pela produção e pelo trabalho, criando um escalão no IRS, de mais de 50%, para os rendimentos salariais superiores a 150 mil euros anuais.
Todas essas medidas seriam complementadas por uma reorganização do sistema fiscal, de forma a penalizar fortemente os rendimentos obtidos através da actividade financeira ou especulativas, beneficiando os obtidos pela produção e pelo trabalho, criando um escalão no IRS, de mais de 50%, para os rendimentos salariais superiores a 150 mil euros anuais.
Será que os tais comentadores de economia, banqueiros, gestores e ex-gestores públicos, sempre tão “corajosos” a mandar bocas contra os “privilégios” dos funcionários públicos e dos professores, teriam coragem para defenderem uma proposta destas, começando por dar o exemplo com um corte de 20% nos seus rendimentos? Duvido!
(Fonte: Público de 26 de Janeiro de 2010).
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