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domingo, 3 de janeiro de 2010

No 50 Aniversário da Fuga de Peniche


(reprodução da primeira página da edição clandestina do Avante de Janeiro de 1960, anunciando a fuga de Álvaro Cunhal e outros dirigentes comunistas do forte de Peniche)


Segundo a edição de hoje do Diário de Notícias, referindo-se ao cinquentenário da fuga de vários comunistas da prisão de Peniche, no dia 3 de Janeiro de 1960, os "comunistas que não conseguiram escapar da prisão foram os primeiros a sofrer as represálias e interrogatórios".

Refere ainda o mesmo texto da edição on-line desse diário que a "evasão de Álvaro Cunhal, Joaquim Gomes, Carlos Costa, Jaime Serra, Francisco Miguel, José Carlos, Guilherme Carvalho, Pedro Soares, Rogério de Carvalho e Francisco Rodrigues foi um drama para Salazar, sofrido quase em silêncio nos primeiros dias. A fuga não foi noticiada e só se tornou do conhecimento nacional com o passar de muitas semanas. A excepção na imprensa nacional foi o órgão oficial do PCP, o Avante!, que na edição de 16 de Janeiro titula bem grande: "O nosso povo saúda a libertação de Álvaro Cunhal e dos seus companheiros". Reflexo da reacção imediata da PIDE, o subtítulo de o Avante! é claro: "Defendamo-los das investidas do inimigo!". E não era para menos pois o que estava escrito no artigo partidário era muito próximo da realidade: "Salazar mobilizou todo o seu aparelho repressivo (...) para tentar recapturar os fugitivos. "


(Plano de Fuga)

"A seguir à fuga do Forte de Peniche, o efectivo policial esquadrinhou o País em busca dos dez militantes do PCP. A PIDE liderava a rusga nacional e todas as forças de cariz policial participavam em detenções e interrogatórios, revistas de casas suspeitas e uma repressão como nunca acontecera, de modo a conseguir recapturar os evadidos. Os primeiros a sofrer foram os comunistas que ficaram em Peniche, a família do GNR conivente foi interrogada mas as pistas foram insuficientes para descobrir o paradeiro dos dez.

"A planificação meticulosa da evasão permitiu que os fugitivos fugissem rapidamente do local. Álvaro Cunhal passou essa noite na casa de Pires Jorge, em São João de Estoril, onde permaneceria por algum tempo. Após várias mudanças de residência, conhece, numa das casas do partido que o escondem, Isaura Moreira, com quem terá uma filha, Ana, no dia de Natal desse ano. Permanece clandestino por dois anos, trocando de casa frequentemente - Sintra, Ericeira, Amadora, Coimbra e Porto -, em 1961 é eleito secretário- -geral e no ano seguinte exila-se em Moscovo e depois em Paris. Regressará a Portugal no dia 30 de Abril de 1974".

A fuga, que teve lugar nesse dia, foi um golpe violento desferido contra o regime do Estado Novo, atingindo principalmente o orgulho da PIDE.

Concorde-se ou não com a ideologia comunista, é bom recordar que em Portugal, aqueles que mais sofreram na luta em defesa da liberdade foram os comunistas. Sofreram tanto ou mais que aqueles que, nos países ditos comunistas, lutavam também pela liberdade, embora em nome de ideologias diferentes..

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