O semanário “Expresso” divulga hoje um texto de Manuel Alegre que devia servir de reflexão à esquerda portuguesa.
Denunciando o drama de sempre da esquerda portuguesa, o de governar à direita quando chega ao poder, a dificuldade em entender-se e a sua tendência para desenvolver atitudes sectárias, Alegre afirma que uma das originalidades portuguesas tem sido o facto de as “nossas esquerdas parecem ter como desígnio principal excluírem-se umas às outras”.
E avisa: se “a esquerda de poder imita o poder da direita e as outras continuam a sonhar com os amanhãs que já não cantam, se, no seu conjunto, a esquerda deixa de representar um horizonte visível de esperança, os eleitores viram-se para outro lado e para a ilusão da segurança que, em época de crise, a direita oferece”.
Denuncia igualmente a deriva neo-liberal da esquerda social-democrata europeia nos últimos anos: se “não mudar, o socialismo europeu corre o risco de ter um destino semelhante ao do movimento comunista”.
No PS denuncia o “estilo” dos seus actuais dirigentes, incapazes de alterar aquilo que ele considera errado, na política de educação, no trabalho, “na justiça, na função pública, na relação com os sindicatos, na afirmação do primado da política e na urgência de libertar o Estado de interesses que o condicionam”, bem como a preocupação desses mesmos dirigentes, dando mais importância às vozes da direita do que à “sua própria esquerda”. “Não se combate o liberalismo ultra com o liberalismo suave. Nem se vence o PSD com ex-ideólogos do PSD”.
Num ponto estamos em desacordo com Manuel Alegre, quando ele revela preocupação com o facto de uma vitória do PSD poder anunciar “o fim de um ciclo e de uma concepção da democracia em que direitos políticos e direitos sociais eram considerados inseparáveis”.
É que esse ciclo já iniciou o seu fim com este governo de José Sócrates.
Nunca um governo PSD, mesmo coligado mais à direita, foi tão longe no ataque aos direitos sociais e laborais, aos professores e aos funcionários públicos, como o de José Sócrates.
É isto que a esquerda não se vai esquecer, quando for votar em Setembro.
Denunciando o drama de sempre da esquerda portuguesa, o de governar à direita quando chega ao poder, a dificuldade em entender-se e a sua tendência para desenvolver atitudes sectárias, Alegre afirma que uma das originalidades portuguesas tem sido o facto de as “nossas esquerdas parecem ter como desígnio principal excluírem-se umas às outras”.
E avisa: se “a esquerda de poder imita o poder da direita e as outras continuam a sonhar com os amanhãs que já não cantam, se, no seu conjunto, a esquerda deixa de representar um horizonte visível de esperança, os eleitores viram-se para outro lado e para a ilusão da segurança que, em época de crise, a direita oferece”.
Denuncia igualmente a deriva neo-liberal da esquerda social-democrata europeia nos últimos anos: se “não mudar, o socialismo europeu corre o risco de ter um destino semelhante ao do movimento comunista”.
No PS denuncia o “estilo” dos seus actuais dirigentes, incapazes de alterar aquilo que ele considera errado, na política de educação, no trabalho, “na justiça, na função pública, na relação com os sindicatos, na afirmação do primado da política e na urgência de libertar o Estado de interesses que o condicionam”, bem como a preocupação desses mesmos dirigentes, dando mais importância às vozes da direita do que à “sua própria esquerda”. “Não se combate o liberalismo ultra com o liberalismo suave. Nem se vence o PSD com ex-ideólogos do PSD”.
Num ponto estamos em desacordo com Manuel Alegre, quando ele revela preocupação com o facto de uma vitória do PSD poder anunciar “o fim de um ciclo e de uma concepção da democracia em que direitos políticos e direitos sociais eram considerados inseparáveis”.
É que esse ciclo já iniciou o seu fim com este governo de José Sócrates.
Nunca um governo PSD, mesmo coligado mais à direita, foi tão longe no ataque aos direitos sociais e laborais, aos professores e aos funcionários públicos, como o de José Sócrates.
É isto que a esquerda não se vai esquecer, quando for votar em Setembro.
1 comentário:
Pertinente o que dizes, em referência ao artigo de Manuel Alegre, que não li porque agora é raro ler o Expreso. Detesto comprar papel para deitar fora assim que saio do quiosque...
O drama da esquerda...
O que me está a acontecer, quando penso neste assunto, é que considero cada vez mais o PCP como o grande estorvo para uma possível recomposição das esquerdas. Eles são monolíticos, não aceitam coligar-se com ninguém a não ser que sejam eles a definir tudo, são rígidos e orientam-se por análises globais baseadas nos pressupostos do final do séc XIX. Incapazes de VER a realidade actual a não ser através de chavões ("os trabalhadores e o povo", "destruição do tecido produtivo", "partidos anti-democráticos", "uma ofensiva da direita", etc, etc.)
Li o Avante a seguir às últimas eleições europeias. (também está na net) .O texto do Comité Central é uma coisa inenarrável: difícil imaginar onde pode chegar a cegueira partidária, o sectarismo! Eles foram os grandes vencedores e os trabalhadores e o povo têm razões para ter confiança no futuro… etc . Arrumam o fenómeno Bloco de Esquerda em cinco ou seis linhas, insinuando que quem neles votou é estúpido… Porque para eles o BE é uma emanação da direita que tem como único objectivo enfraquecer o PCP! Não se cansam de o dizer.
Agora chegaram ao ponto de considerar a famosa cena do Ministro da Economia como uma grande vitória deles! Foram eles que levaram o ministro à desorientação, infligindo assim ao governo uma grande derrota. Risível, hilariante, se não fosse trágico…
Porque é que não há coligação de esquerda em Lisboa? Está-se mesmo a ver… Só quem nunca trabalhou com os sectários do PCP é que não entende. Quem os conhece põe-se a milhas. E a direita a rir-se!
Agora queixam-se de que a comunicação social está TODA conluiada contra eles porque não aparece ninguém nas conferências de imprensa que convocam, só lá vai o jornalista da Lusa… E não percebem que ninguém lá vai porque toda a gente sabe o que vão dizer. Sempre o mesmo! Incapazes de uma subtileza de raciocínio, de uma abertura a propostas diferentes, de estender uma ponte REAL a quem não pensa como eles.
Tenho um amigo comunista que considerou que eu “estava perturbado” porque me insurgi contra o sectarismo do PCP, que cada vez mais se parece com uma religião. Já não consigo ter paciência para as conversas deles em que ridicularizam tudo e todos que não pense como eles. Veja-se o estilo dos comentários que aparecem no “Cantigueiro”…
O que diz Alegre? Muita coisa a repensar. Mas para o PCP é apenas mais um sinal da desorientação do PS e da justeza das propostas do PCP!
Com este PCP e com um PS que se recusa a colocar o D no final do nome, não há esquerdas em Portugal. Há estados de alma, mais ou menos dispersos, mais ou menos definidos ( o BE está ainda na fase da puberdade…).
Tanta coisa a dizer… mas já me falta tempo para ir tratar do almoço…
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