Tudo o que a humanidade precisava neste momento era de líderes mundiais
que estivessem à altura da crise.
Infelizmente, os líderes capazes do momento, contando-se pelos dedos da
mão, são também os que têm menos poder ou lideram países que pouco podem fazer
para “salvar o mundo”.
Lembro-me de um Guterres, que lidera uma ONU debilitada pela crescente
irresponsabilidade dos países mais influentes, como os Estados Unidos ou a
Rússia.
Lembro-me de um papa Francisco, cuja influência é apenas ao nível da palavra,
e que tem de enfrentar, internamente, uma oposição interna ultraconservadora.
Em Portugal tivemos a sorte de termos como líderes, um Costa no
governo, um Marcelo na presidência e, a liderar a oposição, um Rui Rio.
Imaginem o que seria se tivéssemos um país governado por um Sócrates ou
um Passos Coelho, com um Cavaco na presidência ou, neste momento, um Passos
Coelho a liderar a oposição…um autêntico pesadelo!
Infelizmente temos uma União Europeia liderada por incompetentes
palavrosos, que pensam as consequências económica da crise de saúde como
pensaram a crise financeira de má memória.
Atiram milhões para a mesa, mas em condições dúbias (mas a pagar em
dois anos!!!).
No mesmo dia em que o Eurogrupo aprovava esse mal amanhado pacote financeiro,
para agradar a “gregos [italianos] e troianos [holandeses]”, a Comissão
Europeia publicava um relatório sobre o pós-COVID 19 para Portugal, onde fazia
um apelo, se bem que entre linhas (este é ainda o momento da linguagem “politicamente
correcta” e de esconder as garras de futuras “troikas”), às soluções “autoritárias”
do costume: alertava para os “altos” (!!) salários e “altas”(!!!) pensões, para
os “exagerados” (!!!) gasto em saúde e para, “coitado”, o “frágil” sector financeiro
português, provavelmente para nos preparar para aceitarmos mais ajudas para esse sector e para
os seus“pobres” accionistas, à custa daqueles mesmos salários e pensões e à custa do
investimento em sectores fundamentais como a saúde e a educação, sem esquecer o
recurso a um “enorme” aumento de impostos…enfim, a velha receita habitual!
Quando a líder da Comissão Europeia se refere a essas “ajudas” (!!!)
comparando-o com o Plano Marshall, a dita senhora não sabe mesmo do que fala,
ou então, mais grave ainda, sabe mas tenta atirar areia para os olhos dos
incautos.
O Plano Marshall, com todos os seus defeitos, incluía ajudas a fundo
perdido, ou com juros baixos e pagos ao longo de várias décadas, exactamente o
contrário das “ajudas” até agora prometidas!!!
Mas noutras partes do mundo a situação das lideranças ainda é pior.
O COVID-19 é a crise ideal para governos autoritários ou ditadores, da
China, à Rússia, da Hungria à Turquia, das Filipinas à Venezuela….
Mas, pior que ditadores, previsíveis, ou burocratas, politicamente
correctos, é atitude totalmente irresponsável e criminosa de líderes populistas
como um Trump ou um Bolsonaro.
Os custos humanos das suas decisões erradas são muito maiores que as
provocadas pelo terrorismo internacional.
O comportamento de ambos, neste momento, devia conduzir à formação a um
Tribunal Internacional de Crimes contra a humanidade, para julgar líderes
mundiais que, pela forma como lideram esta crise, provocam a morte de milhares
de cidadãos.
E, sem dúvida, aqueles dois líderes estão na primeira fila para serem
presentes, no futuro a um tribunal desse tipo.
Até lá, devemos seguir aquilo que os cientistas e organizações como a
OMS propõem, mesmo que sejam mais as dúvidas que as certezas.
Os balanços ficam para o fim, mas não devem ser esquecidos.
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