A notícia devia ter merecido
aberturas de telejornal e títulos de primeira página.
Infelizmente passou quase
despercebida numa página interior ( a página 30…!!) do jornal “Público” da passada 6ª feira de 24 de Abril, inserida
na crónica “Esquinas” da responsabilidade do jornalista António Rodrigues.
A notícia é bem reveladora do
tipo de ajuda que se pode esperar por parte das Instituições Europeias e da
hipocrisia da retórica dos principais representantes dessas instituições.
Mas antes, convém transcrever
esse texto, inserido naquela crónica, subintitulado “O crime compensa”:
“A União Europeia vai dar à Hungria e Polónia, no âmbito da Iniciativa de
Investimento de Resposta ao Coronavírus, muito mais dinheiro que à Itália e
Espanha, os Estados-membros mais afectados pela doença.
“Os Governos de Viktor Orbán e de Mateusz Morawiecki que tudo têm feito
para corroer as suas democracias e os alicerces da Europa comunitária, vão ser
assim recompensados com fatias maiores dos 37 mil milhões de euros, mesmo que o
primeiro tenha usado a pandemia para passar a governar por decreto como o “ditadorzinho”
que Jean-Claude Juncker lhe chamou um dia e o segundo tenha insistido em levar
por diante as eleições presidenciais de 10 de Maio, pondo todas as pessoas a
votar por correio, só porque as sondagens são mais favoráveis agora ao Partido
da Lei e Justiça de Jaroslaw Kaczynszki.
“ Pelos cálculos feitos pela European Stability Iniative,
citados esta semana pelo New York Times, Itália, que tem mais de 187 mil
casos e 25 mil mortos pela pandemia, tem direito a 2,3 mil milhões de euros, ou
0,1% do seu PIB, enquanto a Hungria, com cerca de 2300 casos e 239 mortos,
consegue 5,6 mil milhões de euros, equivalente a 3,9% do seu PIB. A Espanha, o
país europeu com mais casos – acima de 213 mil –, consegue uma verba que
equivale apenas a 0,3 do seu PIB”.
Pouco podemos acrescentar a essa
triste notícia.
Vê-se assim, por um lado a
desigualdade de tratamento que se adivinha no futuro, quando for necessário
relançar a economia e apoiar os cidadãos europeus das consequências da crise,
onde vai pesar a teoria do “espaço vital” alemão, a xenofobia dos países
nórdicos e a vontade de governos agiotas como o
holandês.
A Hungria e a Polónia são mais
importantes para esses interesses do que a situação dos países do centro e do
sul.
Por outro lado, revela-se naquela
atitude, toda a plenitude da retórica hipócrita dos líderes europeus, quando,
por um lado vêm com o discurso “politicamente correcto” contra a deriva antidemocrática
na Polónia e na Hungria e, com a outra mão, recompensam esses países.
Como diz o articulista, o crime
compensa.
Assim se começa a ver como vai
funcionar a tão apregoada “solidariedade” europeia!
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