Nos tempos da Troika tivemos uma praga de especialistas em “economês”.
Agora temos a praga dos “picólogos”, os especialistas em “curvas” e “picos”.
Há-os para todos os gostos e não existe órgão de comunicação que não
tenha o seu “picólogo” de serviço.
Tal como as previsões dos economistas de outros tempos de má memória,
as previsões de “estatísticos” e “matemáticos” de toda a espécie, na pressa de
conquistarem protagonismo, parecem confundir ciência com adivinhação.
Tal como todo o tipo de crendice se espalhou noutros tempos à boleia de
epidemias e outras crises, agora até temos a ajuda das fórmulas matemáticas.
Esquecem-se, tal como aconteceu nos tempos da Troika com a maioria dos
economistas, do factor humano.
O comportamento da epidemia de coronavírus não é igual em todo o lado e
por isso, fazer previsões de adivinhação, disfarçadas de métodos científicos,
vais dar “buraco”.
Como alguém dizia, quando entra o factor humano, previsões só no “final
do jogo”!
Em termos estatísticos é diferente se estamos a lidar com grandes ou
pequenas concentrações de população, com sistemas históricos de vacinação
diferentes, com populações mais ou menos envelhecidas, mais ou menos bem alimentadas,
com maior ou menor mobilidade, com melhores ou piores condições de higiene, com
maiores ou menores comportamentos de risco, com diferentes sistemas imunológicos,
com melhores ou piores sistemas de saúde.
Não basta por isso aplicar uma simples fórmula estatística para termos resultados
seguros, muito menos podemos arvorar o nosso conhecimento científico como verdade
absoluta.
Nestas coisas fazia falta alguma humildade por parte dos “especialistas”.
Alguns até estão um pouco desconsolados com o facto de a realidade não
confirmar as suas previsões e culpam as autoridades de esconderem os números. Não são eles que estão errados, é a realidade!!
Claro que, à custa de atirarem tantos números e previsões para o ar,
alguns acertarão.
Aliás, não é preciso ser grande especialista para saber que todas as
curvas estatísticas têm uma subida, um pico e uma descida, mais ou menos
acentuada, e que esse foi o comportamento de todas as epidemias históricas.
E já agora, só para relativizar, não estamos, nem de longe nem de
perto, com a dimensão da muito citada “pneumónica” de 1918.
A adivinhação sempre foi uma forma de aplacar os “deuses”, mas o melhor
remédio é acatar as decisões das autoridades sanitárias.
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