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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Os criminosos "bons" e os criminosos "maus" - a propósito da visita do Presidente da China à Inglaterra

Por ironia do destino, no mesmo dia em que o Tribunal Penal Internacional decidiu emitir um mandato de captura contra Kadafy, um dos países que mais encarniçadamente se tem batido pela condenação do ditador Líbio recebia com pompa e circunstância a visita oficial de Wen Jiabao, presidente da China.

Também, nesse dia, a mesma China anunciava o seu apoio a Christine Lagarde, candidata à liderança do FMI e cuja personalidade, à frente daquela organização, vai representar um retrocesso em relação à mudança que se iniciou com Straus-Khan, e o regresso ao velho modelo neo-liberal puro e duro daquela organização, que tantos estragos tem causado por esse mundo fora.

Ainda não há muito tempo Kadafy era recebido com a mesma pompa pelos líderes ocidentais.
Pelo que parece a “voz” dos negócios fala mais alto do que a defesa dos Direitos Humanos, e o mundo ocidental continua a usar critérios diferentes conforme as conveniências do momento: os crimes perpetuados pelo regime chinês no Tibet, já para não falar nos crimes de tipo ambiental e social todos os dias praticados na China, mas estes até são do agrado dos “mercados” ocidentais, pelos vistos não têm o mesmo peso dos crimes de Kadafy e do seu regime.
Aliás, neste momento, na Líbia, já não se percebe bem onde começam os crimes do regime e acabam os crimes perpetuados pelos rebeldes e pela NATO.

Os argumentos usados pelo TPI contra o ditador Líbio pudiam encaixar que nem uma luva na actuação do governo chinês. Mas o cheiro do dinheiro e o medo de enfrentar o gigante asiático tornam a hipocrisia ocidental uma prova da sua cobardia moral, política e social.

A China é a prova acabada que os "mercados" estão pouco interesados nos direitos políticos e sociais. Aliás, o próprio funcionamento anti-democráticos da Comissão Europeia, do Eurogrupo e do Banco Central Europeu são a prova que, entre as actuais lideranças europeias, o negócio tem mais peso que a democracia e a defesa dos cidadãos.

Sendo assim, a forma como o Presidente chinês é recebido na Europa pelos seus pares não é um mero sinal de hipócrisia política, revelando antes uma grande prova de coerência e compradio entre os políticos europeus e os supremos interesses dos "mercados".






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