(Fotografia de Pedro Walter - El País)
Este dia será recordado para sempre como o dia em que morreu José Saramago.
Único escritor português a receber até hoje um Prémio Nobel, é muito provável que nenhum português hoje vivo volte a festejar a alegria desse dia 8 de Outubro de 1998 em que foi anunciado esse prémio.
Esse galardão, ao contrário do que seria de esperar num país normal, contribuiu para acentuar vários dissabores e injustiça cometidas contra ele por um país de invejosos , intriguistas e arrogantes, liderados por um bando de “opinadores” de bancada.
Não me esqueço de, nesse mesmo dia, depois de ter ouvido na rádio as primeiras declarações de Saramago, afirmando humildemente que só tinha havido um escritor português do século XX merecedor desse prémio que era, para ele Sophia de Mello Brayner, ter de ouvir, pouco depois, um furibundo Miguel Sousa Tavares a lançar sobre Saramago as maiores diatribes.
Infelizmente estas são as “elites” culturais que moldam há muito tempo os valores de Portugal. José Saramago sabia onde vivia e procurou calma e sossego na vizinha Espanha, que nunca lhe negou reconhecer o seu verdadeiro valor.
As maiores homenagens e os dossiers mais bem elaborados sobre Saramago estão já nas páginas on-line da imprensa espanhola, como no El País, ( o melhor de todos), no El Mundo, no La Vanguardia ou no ABC.
A imprensa portuguesa também dedica um grande espaço das suas edições on-line ao acontecimento, como o Expresso, o Público, o Jornal de Notícias , a Visão e o Diário de Notícias.
AQUI podem ler o Último texto de Saramago.
Tenho a honra de possuir dois livros autografados por José Saramago, um ainda antes do Prémio Nobel e outro posterior, ambos conseguidos por o ocasião de duas visitas que fez a Torres Vedras (sobre a relação de José Saramago e Torres Vedras, leiam AQUI).
Discute-se agora se Saramago será sepultado ou não em Portugal. Para mim essa é uma decisão que compete à família e que deve respeitar o desejo em vida do escritor, mas, se vier para Portugal, só há um sítio digno de Saramago que é o Panteão Nacional.
Deixa-nos o homem, fica a sua obra que sobreviverá para sempre aos seus detractores.
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