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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Breve encontro com Álvaro Cunhal

Tendo passado ontem o 5º aniversário da morte de Álvaro Cunhal, e comemorando-se em Agosto o 25º aniversário do seu texto “O Partido com Paredes de Vidro”, hoje disponibilizado em edição digital, não quero deixar de evocar aqui essa figura da história contemporânea portuguesa.

Pessoalmente tive a oportunidade de, por duas curtas e raras ocasiões, ter privado de perto com Álvaro Cunhal.

Numa ocasião fui contactado pelo núcleo local do PCP para orientar e realizar uma visita pelo núcleo histórico de Torres Vedras para um convidado muito especial. Esse convidado era o próprio Álvaro Cunhal, presente em Torres Vedras para uma reunião com a secção local daquele partido.

Não sendo militante, mas mantendo uma relação cordial com militantes locais do PCP, aceitei o desafio e, numa data que agora não me recordo, ao longo de cerca de duas horas, “passeei” Álvaro Cunhal pela zona antiga de Torres Vedras.

Ao longo da visita mostrou-se reservado e distante, mais por timidez e humildade do que por qualquer espécie de atitude de superioridade e arrogância.

Cunhal revelou-se sempre atento às minhas indicações, questionando-me com humildade sempre que algo lhe merecia mais atenção.

Voltaria a cruzar-me com Álvaro Cunhal, quando ele se deslocou a esta cidade para participar num conjunto de colóquios que contaram também com a presença de Mário Soares e Marcelo Rebelo de Sousa.

Tendo-lhe pedido um autógrafo na folha de um dos seus romances, este acedeu, aparentemente com algumas reservas. Fez um rabisco no livro difícil de decifrarpor quem não saiba a sua origem, e manteve a mesma atitude tímida e humilde, que se podia confundir com uma certa distância e frieza.

Tal como Soares, Marcelo Rebelo de Sousa ou Freitas do Amaral, Álvaro Cunhal foi um dos últimos exemplos de uma geração de políticos cultos, coerentes com as suas convicções e capazes de inovar perante as adversidades e de se afirmarem como exemplo de atitudes políticas, o tal tipo de políticos de que Portugal, a Europa, e o Mundo em geral, precisam cada vez mais, sejam quais foram as suas convicções políticas.

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