O diário “i” noticiou na sua edição de 31 de Março mais um manifesto da “sociedade civil”, assinado por 33 personalidades, a maioria das quais antigos ministros do centrão, maioritariamente da área do PSD, contestando a aposta de José Sócrates nas energias renováveis.
Nas entrelinhas esse manifesto pretende “reabrir” o debate sobre o nuclear, tendo entre os subscritores muitos dos defensores de sempre desse tipo de energia.
Ultimamente, de tempos a tempos, grupos de “notáveis”, individualmente ou em grupo, retomam o tema do nuclear, coma desculpa da poupança energética que essa opção, segundo eles, permitirá.
Uma das falácias dessa gente é a de que não tem existido debate sobre essa opção ou que existirá uma espécie de “complot” que silencia os defensores do nuclear.
Contudo, nenhuma das situações que travaram essa opção energética para Portugal foram alteradas nestes últimos vinte ou trinta anos, a saber, os seus custos (de construção e manutenção), o perigo que representa para as populações vizinhas de uma central nuclear e, principalmente, a produção de resíduos tóxicos radioactivos, sem solução razoável para o seu armazenamento em segurança.
Por isso também não existe nada de novo no debate sobre o nuclear.
Claro que, se um dia se vier a descobrir uma forma “limpa” de produzir esse tipo de energia, então será possível retomar o debate sobre o seu uso.
Sabe-se que Bill Gates está a financiar uma importante investigação para se conseguir a produção de energia nuclear limpa e sem produção de resíduos, estudando-se mesmo a hipótese desses resíduos serem reciclados para produzir mais energia.
Também o êxito recente da histórica experiência do CERN pode dar, a prazo, novas esperanças na utilização limpa desse tipo de energia.
Mas não é nada disto que os defensores cá da terra do nuclear preconizam. O que eles defendem é a instalação das velhas centrais nucleares, obedecendo a obscuros interesses que estão por detrás de tão “desinteressadas” opiniões.
Provavelmente já existe muita gente esfregando as mãos de contentamento pelo êxito dos defensores do nuclear junto da nossa ignorante e temerosa classe política, prontos a vender a obsoleta tecnologia que têm em stock, um pouco à maneira da história dos submarinos…
Ao que parece, contudo, a defesa pura e dura daquela opção energética ainda não conseguiu convencer um número suficiente de decisores económicos e políticos.
Sendo assim mudaram de estratégia.
E a estratégia é desacreditar a opção pelas energias renováveis, sem defenderem directamente a alternativa nuclear, para depois, e se conseguirem convencer uma nova classe política, principalmente ligada a Passos Coelho, que quer parecer original e “inovadora” e usar a contestação a tudo o que “cheire” a José Sócrates, apresentarem como única opção alternativa às “desacreditadas” energias limpas a sua tão “querida” energia nuclear.
Será que Passos Coelho, na ânsia de obter apoios políticos para a sua caminhada em direcção ao poder , vai deixar-se cair no engodo?
A ver vamos, em cenas dos próximos capítulos.
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