Segundo a edição de hoje do Público, os “funcionários públicos portugueses estão entre os que mais perderam poder de compra nos últimos anos. Entre 2004 e 2008, os trabalhadores do Estado viram os seus salários encolher perto de 0,7 por cento face à evolução do custo de vida. Em pior situação só se encontravam os funcionários públicos da Eslovénia e do Chipre, enquanto na União Europeia os salários tiveram, em média, um ganho real de 3,1 por cento”.
A notícia não é novidade nenhuma para quem trabalha para o Estado. A importância da sua divulgação está no facto de desmentir o discurso dos nossos governantes ou ex-governantes, economistas e alguns comentadores, que, de há vários anos a esta parte, têm por hábito justificar a miséria económica e social em que o país se tem enredado nos últimos anos com os “privilégios” dos funcionários públicos (entre os quais se incluem médicos e professores).
O estudo agora revelado pelo Público vem deitar por terra essa argumentação.
Não deixa de ser igualmente curioso que muitos desses mesmos governantes ou ex-governantes, economistas e comentadores tenham vindo em defesa dos vergonhosos ordenados e prémios de gestores públicos, com o argumento de tais críticas serem demagógicas ou da necessidade de honrar os compromissos assumidos com tais gestores.
Desonrar compromissos tem sido uma constante no relacionamento do Estado com os seus funcionários nesta última década: para além do congelamento salarial, da estagnação das carreiras e dos baixos salários, uma forma de espezinhar compromissos assumidos com os funcionários públicos passa pela instabilidade dos últimos anos em termos legislativos, no que respeita às condições das reformas e da evolução das carreiras, numa constante mudança das regras do jogo, desacreditando a boa fé de quem nos governa
Alguns desses governantes ou ex-governantes, economistas e comentadores, têm sido, aliás, dos primeiros a beneficiar de um sistema paralelo de salários, reformas e prémios que escapam à generalidade das carreiras da função pública, não sendo por isso de admirar o modo como se apressam em vir defender publicamente os seus pares.
Infelizmente o “povo” continua distraído com os “futebóis”, as “telenovelas” e a “baixa política”, passando-lhe ao lado essas notícias e continuando a engolir as patranhas que essa gente debita nas televisões e nos jornais, lançando o fel da inveja social dos que vivem "miseravelmente" contra os que vivem “remediados”.
Desse modo podem garantir o sistema desigual em que vivemos, do qual muitos beneficiam, “roubando” à “classe média” para garantir os seus privilégios e distribuindo as migalhas do saque pelos “pobrezinhos” que, com o seu voto, lhes garantem o poder.
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