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segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Nem Macron, nem Le Pen…nem, muito menos, os mais extremistas “coletes amarelos”!



Costuma-se dizer que é nas  curvas apertadas que se destacam os bons condutores.

Frase que se pode aplicar aos políticos: é nas curvas apertadas da história que se revelam os grandes políticos.

Existem alguns grandes exemplos: Churchill na 2ª Guerra, De Gaulle no Maio de 68, Mandela na África do Sul, ou Gorbachev na União Soviética…e não me lembro de muitos mais.

Infelizmente para a França, e a prazo para a Europa, Macron revelou-se um politico incapaz de enfrentar os graves conflitos sociais que o seu país enfrenta.

Ao querer tornar-se o menino bonito da Europa da austeridade, dominada pelo poder financeiro, sonhando substituir Merkel como líder do projecto europeu, revelou-se, pela forma como tem lidado com os “coletes amarelos”, um politico medíocre e incapaz, uma ténue sombra da líder alemã.

Macron domina na retórica, mas revelou-se incapaz de perceber que a França vive, há décadas, uma grave crise social e de identidade, que explodiu agora em violência com base numa reivindicação quanto a nós injusta: contestar o aumento de impostos sobre o uso do gasóleo (quando outros países, com a Alemanha, anunciaram a proibição, a prazo, do uso desse combustível, uma das formas de travar o desastre ambiental para onde caminhamos a passos largos).

Essa reivindicação é injusta, mas Macron mostrou-se incapaz de explicar a necessidade de travar o uso do gasóleo e até, a prazo do automóvel a gasolina e, em vez de se revelar um politico hábil, regou o fogo com gasolina, e o resultado, lamentável, está à vista.

Não percebeu que, por detrás do pretexto do aumento de impostos sobre o gasóleo, está uma realidade social cada vez mais perigosa.

Os próprios “coletes amarelos” conseguiram aproveitar o destaque dado ao seu movimento para juntar 41 reivindicações, todas de grande justiça do ponto de vista social, mas Macron não respondeu a uma única delas, mantendo-se fiel ao programa “austeritário” e anti social com o qual pretende agradar aos burocratas de Bruxelas e ao corrupto mundo financeiro europeu.

Rapidamente o moribundo movimento de Le Pen encontrou neste movimento o colete de salvação e colou-se à revolta, como se alguma vez, chegada ao poder, pudesse garantir as 42 reivindicações dos “coletes amarelos” (hoje reveladas no jornal “Público”) todas elas contrárias aos princípios e ideologia da extrema-direita francesa.

Por isso não será de estranhar que, por detrás da violência vivida Sábado em Paris, estivessem conhecidos elementos da extrema-direita, dando assim um grande contributo para desviar as atenções para as legitimas reivindicações dos “coletes amarelos”, colando-os à violência gratuita habitual nas manifestações, em França, da extrema-direita, que contaram com o apoio irresponsável de grupúsculos de extrema-esquerda, para permitir a Macron aparecer como o equilibrista, que afinal não é.

Deixando-se infiltrar por provocadores extremistas, o justo movimento dos “coletes amarelos” corre o risco de se descredibilizar junto da opinião pública e de reforçar o discurso de “ordem” da extrema-direita.

As próximas manifestações dos “coletes amarelos” terão de ser uma esmagadora manifestação cívica, isolando os provocadores. Caso contrário ficam à mercê da estratégia da extrema-direita francesa e contribuem para reforçar Macron na aplicação das medidas antissociais que ele preconiza, conduzindo a França, e a prazo o que resta do “europeísmo”, para um abismo sem saída.

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