Parece que caiu “o Carmo e a Trindade” com a notícia do “Expresso”
segundo a qual a ”carga fiscal em Portugal é mais baixa que na zona euro”, até
porque desmonta o argumentário das fake news em circulação nas redes sociais
Claro que as contas contabilizam o total de impostos e cotizações
sociais. Se formos ao pormenor vemos que o IVA que se paga em Portugal é
superior à média.
Pessoalmente, por principio, não tenho nenhum problema em pagar
impostos.
Até não me importava de pagar mais se soubesse que os impostos eram
aplicados no combate às desigualdades sociais, na garantia de um sistema justo
de segurança social e na manutenção de serviços de qualidade na educação, na saúde,
nos transportes, na justiça, no apoio ao
património e à cultura e na gestão ambiental.
Ou seja, pagava de bom grado os impostos pagos nos países nórdicos e
outros para ter os serviços desses países.
Para mim, contudo, o problema reside em saber como são cobrados e
utilizados esses impostos.
Fugir aos impostos e usar outros estratagemas, como o recurso a
subvenções estatais ou registos em paraísos fiscais é um crime que deve ser
combatido e travado.
Usar o dinheiro dos impostos para salvar bancos e grandes empresas, que
continuam a pagar chorudos salários aos seus administradores e lucros aos seus
accionistas, é outro crime contra os contribuintes.
Aplicar os impostos para garantir privilégios, pensões chorudas e salários
de luxo a administradores de empresas estatais, a assessores, a cargos de
nomeação politica e a escritórios de advogados é outra prática que deve ser
travada e, no mínimo, devidamente explicada.
Só aceito que os impostos que me cobram sejam aplicados para cumprir as
obrigações constitucionais de um ensino, uma justiça, uma saúde, uma rede de
transportes de qualidade e uma gestão ambiental e patrimonial adequada, e os direitos
de soberania, culturais e sociais de forma racional.
Também não me choca, por exemplo, o aumento de impostos sobre bens que
provoquem problemas de saúde pública ou que aumentem a poluição ambiental, como
forma de fomentar a procura de soluções alternativas, que, estas sim, devem ser
apoiadas pelo Estado, isto é, pelo dinheiro dos contribuintes, até se tornarem
rentáveis ( como, por exemplo, a substituição da gasolina e do gasóleo pela
energia eléctrica ou outra menos poluente), já que, nos nossos dias, as
questões ambientais carecem de soluções urgentes e são questões de
sobrevivência civilizacional.
Claro que, na visão neoliberal, há quem ache que os impostos se devem
reduzir ao mínimo e que cada um se deve salvar com puder, vigorando a lei do
mais forte ou capacitado, substituindo o apoio social pela caridade e os
direitos pela lei da selva.
É uma opinião .Mas não é a minha.
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