O jornalista Paulo Pena continua ao seu excelente trabalho de
investigação, nas páginas do cada vez melhor Diário de Notícias (agora
semanário), sobre o papel dos sites de fake news a operar em Portugal.
Esta semana dedica-se a divulgar o negócio rentável de alguns desses
sites de desinformação.
Para além de divulgarem notícias falsas com objectivos políticos muito
precisos (quase todos ligados à extrema direita ou aos ressentidos com a “geringonça”),
esses sites gerem milhões em negócios mais ou menos obscuros, desde a fuga de
impostos à forma com acedem à informação dos incautos e ignorantes que
partilham os seus conteúdos.
Um dos sites com maior êxito usa um título enganador e explora
indecentemente o prestigio de uma profissão como a dos bombeiros,
intitulando-se mesmo “Bombeiros 24”, que usa, no facebook, um nome
vergonhosamente mais enganador: “Bombeiros Portugueses”.
Esse site consegue receber dinheiro pela publicidade que integra no seu
espaço e está ligado a um outro site com o estranho nome “Bilbiamtengarsada”.
O “Bombeiros 24” usa ainda um software malicioso que “permite aos
administradores dos site receber dinheiro de empresas de venda online. O truque
é simples: deixa uma espécie de cookies nos computadores dos leitores que
passam assim a ficar associados ao Bombeiros 24. Quando essa pessoa usar aquele
computador para, por exemplo, comprar alguma coisa na Amazon, a empresa fica a
saber que a venda foi “sugerida” pelo site português e paga-lhe uma comissão”
Uma outra prática desses sites é copiarem noticias de outros órgãos de
informação verdadeiros sem pagar direitos e, pelo contrário, obterem lucro com
isso, à custa dos “gostos” e partilhas dos incautos seguidores.
Ao reproduzirem noticias verdadeiras da comunicação social, fazem-no de
forma cirúrgica, carregando nas noticias que falem de crime e corrupção e
focando apenas uma tendência politica, para gerarem e potenciarem um sentimento
de impunidade e criminalidade muito maior do que aquele que existe na
realidade. Ao mesmo tempo acrescentam comentários tendenciosos e falaciosos.
Esses sites plagiam descaradamente órgão de imprensa, ganham dinheiro
com isso e, como estão registados no estrangeiro e mantêm incógnitos os seus administradores,
conseguem fugir ao pagamento de impostos pelos lucros obtidos com a publicidade.
Além daquele site, o jornalista identificou, no artigo desta semana e
noutros que tem a vindo a publicar, vários sites que funcionam dessa maneira,
espalhando desinformação, falsas verdades ou meias verdades (como dizia António
Aleixo, “para a mentira se tornar segura tem de trazer à mistura alguma coisa
de verdade”), ganhando milhões com isso e fugindo ao fisco em grande estilo.
Muitos usam títulos enganadores, fazendo-se passar por órgãos de
informação, outros títulos “engraçados”, atraindo mais incautos que partilham
essas “informações”, disseminando-as por milhares de seguidores.
Aqui fica a lista de alguns dos sites denunciados pela reportagem,
todos registados no estrangeiro:
-“Semanarioextra”;
-“Jornaldiario”;
-“Noticiario.com”;
-“Magazinelusa”
-“Ptjornal”;
-“Lusopt”;
-“EventoXXI”;
-“JornalQ”;
-“Vamoslaportugal”
-“Lusonoticia”;
-“Altamente”;
-“Cura Natural”;
-“1001 Ideias”;
-“Muito Bom”;
-“Muito Fixe”;
-“Tafeio”;
-“Diariopt”;
-“Tuga.press”;
-“Direita Politica”;
-“Luso Jornal”;
-“Portugal Glorioso”;
-“Bilbiamtengarsada”.
-"Bombeiros 24";
-"Bombeiros Portugueses";
…e muitos outros.
Pela nossa parte tudo faremos para denunciar esses sites.
Sem comentários:
Enviar um comentário