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quinta-feira, 15 de novembro de 2018

“Politicamente Correcto” é…Politicamente Correcto!



Hoje, quem pretende justificar as opiniões mais absurdas, mais abjectas e reacionárias, trata logo de diabolizar o “politicamente correcto”.

Como se o politicamente correcto não fosse uma conquista civilizacional.

Politicamente Correcto, quer dizer isso mesmo: Politicamente Correcto! Qual foi a palavra que não perceberam?

Vamos ao dicionário:

Politicamente”: “que está de acordo com as regras da politica, da organização e gestão dos assuntos públicos, de administração e do poder”. Também pode significar agir com diplomacia, cortesia, delicadeza, com habilidade, astúcia e perspicácia (Dicionário de Língua Portuguesa Contemporânea, [ DLPC] Academia de Ciências de Lisboa, ed. Verbo, 2001).

Não é esse o tipo de actuação que todos defendemos em democracia e liberdade? Não é esse tipo de actuação que nós devemos exigir aos agentes e responsáveis políticos e da administração?

Pode-se dizer que, quando agem em proveito próprio, quando  se deixam corromper ou quando abusam do poder, tais agentes políticos…não estão a ser políticos. E devem ser penalizados por isso;

“Correcto” : “que está de acordo com as regras estabelecidas; que não tem falhas, que está certo,  que é exacto, que está de acordo com as regras estabelecidas de carácter ético e social, que age com delicadeza, que é justo (DLPC) .

Não é tudo isto que devemos exigir dos diversos poderes e dos responsáveis pela governação de um país? Não é esse o exemplo que devemos, não só exigir a nós próprios e dar aos nossos filhos, enquanto cidadãos, mas também aos principais agentes com responsabilidades no funcionamento das instituições democráticas, como agentes de autoridade, juízes, professores, jornalistas, médicos, gestores públicos, agentes económicos e financeiros?

Os antónimos de “correcto” são…errado, inadequado, incorrecto, desonesto, indigno, injusto, grosseiro inexacto… (Dicionário Houaiss de Sinónimos e Antónimos, ed. Círculo dos Leitores, 2007). É isto que queremos defender, quando diabolizamos o “politicamente correcto”?

Talvez o problema e a confusão comecem no estabelecimento do tipo de regras e códigos que devem obedecer a uma acção e atitude politicamente correctas.

Tenho por mim que a celebre frase da Revolução Francesa da Igualdade, Fraternidade e Liberdade é o ponto de partida, à qual se deve juntar a formação de um Estado Democrático e Constitucional, baseado na soberania de cidadãos livres e na separação de poderes.

Depois devemos acrescentar os avanços civilizacionais na melhoria das condições de vida da Humanidade e no respeito pela própria humanidade, tudo muito bem sintetizado na Declaração Universal dos Direitos Humanos.(clicar para a sua leitura integral).

Aliás, esta declaração devia ser de leitura e estudo obrigatório nas escolas e Universidade, e, já agora, de leitura obrigatória nos actos de contratação dos agentes acima referidos e, em especial, nos partidos políticos e nos órgãos de comunicação social.

Está lá quase tudo, sem segundas interpretações do que, quanto a nós, separa o que é politicamente correcto daquilo que é politicamente incorrecto.

A esse documento devemos acrescentar outros avanços civilizacionais, como a defesa do Ambiente, os Direitos das Crianças, os Direitos das Mulheres, os Direitos dos Animais, o respeito pelas minorias e a construção de um Estado Social .

Como pessoas não somos perfeitos, somos muitas vezes politicamente incorrectos, mas não devemos fazer jus dessas atitudes e imperfeições nem delas “programa politico” ou  argumento, e devemos exigir aos poderosos que, no mínimo, não defendam o ódio e a violência, respeitem os Direitos Humanos e Ambientais e os conhecimentos científicos, ou seja…sejam politicamente correctos.

Existem interpretações fundamentalistas e exageros na aplicação e defesa do que é politicamente correcto? Existem. Mas isso não anula o fundamental da defesa do que é politicamente correcto

O resto é conversa de gente ignóbil, ignorante, mal formada e mal intencionada, seja qual for a a sua origem ou formação politica social, cultural ou religiosa.

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