Passam hoje 70 anos sobre a aprovação da Declaração Universal dos
Direitos Humanos.
Num mundo cada vez mais dominado por mensagens de ódio e intolerância e
por uma economia predadora do homem e da natureza, é importante recordar a
existência dum documento como esse, hoje mais actual do que nunca.
O documento surgiu como tentativa de responder a um novo paradigma de
convivência humana, depois de terminado um período de guerras devastadoras e de
genocídios que puseram em causa principio civilizacionais.
Esse documento esteve igualmente na base da construção da ONU.
Infelizmente em muitos casos a sua aprovação não passou de pura
retórica.
São raros, ainda hoje, os países onde se aplica a totalidade desses princípios.
Alguns aplicam apenas as partes que lhe convém, esquecendo tudo o
resto.
Esse documento alia princípios básicos e históricos de Direitos Humanos
(Igualdade, democracia e liberdade) com Direitos Sociais (como o direito ao
trabalho e a um salário justo, por exemplo, ou o direito à saúde, à educação e
à habitação).
A actualidade desse documento, que devia ser ensinado nas escolas e
integrado nas Constituições de países democráticos (como, aliás, acontece na
Constituição Portuguesa), reside, por um lado em serem ainda raros os casos em
que é aplicada na integra e de forma
consequente e, por outro, no de vivermos um período histórico em que as
lideranças das nações mais poderosas estão entregues a gente que desrespeita
todos os dias os princípios consignados nesse documento.
Existe, aliás, um crescente movimento que defende a revisão desse documento,
que, pesem as boas intenções de alguns, só pode resultar na redução e no
desvirtuar dos seus principio, principalmente quando temos na liderança de
países que dominam o conselho de segurança da ONU uma maioria de lideres que
não oferecem qualquer garantia na preservação e concretização daqueles
direitos.
Além disso, as actuais lideranças mundiais estão sobre forte pressão de
sectores financeiros que desprezam os valores democráticos, de liberdade e os direitos
sociais, sempre que isso põe em causa os seus interesses, como se viu durante a
crise de 2008 (o célebre TINA).
Não tenhamos dúvida que qualquer revisão que saísse das mãos dessa
gente ia no sentido de limitar os valores democráticos, a liberdade e os
direitos sociais.
Sendo aquele um documento de valor universal, a melhor forma de o celebrar é, em primeiro lugar conhecê-lo e estudá-lo e, em
segundo, defendê-lo face a esses lobbies que o procuram desvirtuar e apaga-lo
da memória colectiva.
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