Fazer previsões sobre um novo ano é sempre um risco, mas é possível
detectar alguns sinais no horizonte e o ano de 2017 inicia-se cheio se sinais,
a maior parte preocupantes, mas também, paradoxalmente, nenhum ano se apresentou
tão imprevisível como o que agora se inicia.
Na mira do historiador, do politólogo e do sociólogo, estamos a viver
um período fascinante, mas, na mira do cidadão comum, da democracia e da
liberdade, os sinais são deveras preocupantes.
O ano iniciou-se mesmo com um mau presságio, com o terrível atentado de
Istambul, recordando-nos que o terrorismo e o longo braço do Daesh vão
continuar a fazer estragos por essa
Europa fora.
Mas outros sinais, herdados do ano anterior, revelam-se preocupantes
para o destino da Europa e mesmo da humanidade, como a eleição de Trump, que
tomará posse no próximo dia 20 e se prepara para alterar profundamente todo o
modo de viver em democracia e liberdade, com uma grande dose de
imprevisibilidade.
Também herdados do ano anterior, temos o acentuar do poder político da
Rússia de Putin e do poder económico da China e a continuação da trágica
desestabilização no Médio Oriente, onde a guerra civil na Síria é “apenas” um
episódio e que irá provocar o agravamento do drama humanitário dos refugiados.
Em paralelo continuamos a assistir à falência económica, financeira e
politica do projecto da União Europeia, muito por culpa das elites dirigentes
europeias.
Este ano pode marcar o declínio definitivo do projecto europeu, com a
ascensão da extrema-direita na maior parte dos países do velho continente e o
descalabro desse crime financeiro que dá pelo nome de “euro”.
Realizam-se eleições em França, na Holanda, na Alemanha e,
previsivelmente, na Itália, nas quais a extrema-direita, mesmo que não as
vença, vai reforçar imenso a sua influência.
As únicas boas notícias que o mundo tem é a chegada de António Guterres
à liderança da ONU e a continuação do
papa Francisco à frente da Igreja, embora sem grandes poderes para enfrentarem os perigos que se avizinham.
Por cá, a pacificação social e política que o país conheceu no ano
anterior pode alterar-se profundamente este ano, por razões internas, como a
elaboraçlão do orçamento de 2018 e o resultado das eleições autárquicas lá mais
para o final do ano, embora a manutenção de Passos Coelho na liderança do PSD
continue a ser um seguro de vida para a “geringonça”, mas também por razões de
ordem externa, como a crescente instabilidade financeira e política que se
prevê com a chegada de Trump ao poder, o resultado das eleições na Europa e a
cegueira do politburo de Bruxelas.
Enfim, poucas vezes se assistiu a um inicio de ano tão pouco auspicioso
e previsível.
Pode dizer-se que, se o “ovo da serpente” foi “chocado” no ano
anterior, neste ano vamos assistir à acção da “serpente”…
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