TINA =
“There Is No Alternative” (“Não há alternativa”).
A frase é atribuída a Margaret Thatcher que
a usou para justificar as suas políticas
para destruir o Estado Social britânico, destruir os direitos sociais
dos trabalhadores do seu país e, desde então serviu de mote para lançar a
aventura neoliberal que conduziu o mundo e a humanidade à desastrosa e
dramática situação actual.
Por cá a frase ganhou relevância nos anos
da Troika e ainda continua a ser usada pelos defensores das políticas
anti-sociais então levadas a cabo para justificar a destruição do nosso já de
si rudimentar e frágil Estado Social, retirar direitos socias aos trabalhadores
e cidadãos e fragilizar o factor trabalho.
O “TINA” é o único programa político
económico e social que é proposto aos cidadãos europeus pelo actual “politburo
de Bruxelas” (BCE, Eurogrupo, Comissão Europeia, Eurofine, Conselho Europeu…) e
que tem vindo a destruir alguns dos aspectos mais benéficos da União Europeia,
como o Estado Social, a solidariedade político-cultural e a economia social que
estiveram na sua origem.
Mas a “filosofia TINA” é muito anterior ao
thatcherismo e serviu de mote e justificação a todo o tipo de barbaridades
cometidas contra a humanidade ao longo dos tempos.
Nesse sentido podemos ver no percurso de
Mário Soares uma coerente e precursora atitude “anti-TINA”.
Quando, em Portugal, a situação mais confortável e segura, até
para garantir carreira e emprego, era , no mínimo fazer a “vidinha” ignorando a
ditadura salazarista ou, no máximo, colaborar com esta, porque “não havia
alternativa”(“TINA”!!), Mário Soares colocou-se no lado certo da história
sujeitando-se, durante mais de 50 anos da sua vida, a perseguições, prisões, deportação
e exílio, em vez de ir à sua “vidinha” de advogado com uma carreira prometedora
e rentável.
Quando, por outro lado, no fim do regime, a
única oposição organizada e viável parecia ser a que era preconizada pelo PCP
(o “TINA” da maior parte da oposição), Mário Soares arriscou fundar o Partido
Socialista e romper um certo unanimismo no seio da oposição.
Quando, depois do 25 de Abril, e
principalmente depois do 11 de Março, o futuro do novo regime parecia oscilar
entre, por um lado, um regime de tipo cubano, um novo satélite soviético ou uma
nova Albânia achinesada ou, por outro
lado, uma guerra civil ou uma nova ditadura militar à “Pinochet”, Mário Soares,
rompendo mais uma vez com o “TINA”, defendeu a democracia e a liberdade como
futuro, mesmo aliando-se muitas vezes a gente pouco recomendável, nem sempre da
melhor maneira, por vezes solitário.
Já com a jovem democracia a denotar alguma
fragilidade, contra os que achavam o país condenado à pobreza e ao terceiro
mundismo, como defendiam os defensores do TINA de então , e remando mais uma
vez contra ventos e marés, e mais uma vez nem sempre da melhor maneira,
conduziu o país para a integração na então CEE.
Foi ainda num clima que lhe era fortemente
adverso, onde mais uma vez os profetas do TINA de então lhe vaticinavam uma
humilhante reforma da política (já tinha então quase 65 anos), mais uma vez,
enfrentando uma conjuntara que lhe era desfavorável, mesmo dentro seu partido,
conseguiu o que parecia impossível, o apoio do voto comunista, e ganhou as
eleições presidenciais.
Já nos últimos anos da sua vida tornou-se
um critico activo e feroz do “tinismo” dominante dentro e fora de fronteiras,
tendo-se antecipado a muitos nas criticas à decadência e desvirtuamento do
projecto europeu e contra a política socialmente criminosa da Troika em
Portugal.
Curiosamente esta última fase da sua
trajectória política tem sido cirúrgica e cinicamente escamoteada pela maior
parte dos comentadores televisivos e na imprensa, atitude que não será de
estranhar se tivermos em conta que as direcções da maior parte da comunicação
social estão nas mãos de conhecidos propagandistas do “TINA” (honra seja feita
ao diário “i” que hoje publica a última entrevista de Soares, dada àquele
jornal em 2015, e recorda as últimas acções políticas e publicas de Soares em
defesa de uma aliança à esquerda contra a nova direita radical neoliberal).
Até no “anti-tinismo” recente Mário Soares
soube estar à frente o seu tempo.
É caso para dizer: Morra "o" "TINA",
Morra!,….viva Soares!!!
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