E se o “trumpismo” não nos trouxesse apenas um mundo mais
negro e desumano?
E se houvesse vantagens na Era Trump, como uma espécie de vacina contra o populismo e o neoliberalismo?
Á partida há quem saia beneficiado: os cartoonistas:estes
têm “pano para mangas” e tema para explorar por quatro anos.
Mas a Europa também pode sair beneficiada, unindo-se em
defesa do verdadeiro liberalismo ( renegando de vez essa caricatura ridícula e perniciosa
que dá pelo nome de neoliberalismo), em defesa das minorias, em defesa do
Estado Social, em defesa da igualdade de direitos, em defesa dos direitos
humanos, para combater as ideias absurdas de Trump. Claro que para isso será
necessário varrer os actuais lideres das instituições europeias, sempre pronto
a negociar ou condescender com os projectos populistas de Trump se isso se lhes der lucro, ou por mera cobardia política.
Foram os actuais líderes da União Europeia (juntamente com o
poder financeiro mundial) que deram argumento ao populismo e lançaram para os
braços da extrema-direita populista uma parte considerável dos cidadãos
europeus, quando lançaram o norte contra o sul, tentaram destruir o Estado
Social, retiraram direitos a quem trabalha, aumentaram a desigualdade entre
ricos e pobres, desvalorizaram salários e pensões, para salvar o negócios
obscuros da banca e do mundo financeiro.
Outra vantagem é aproveitar a retórica trumpista contra a
globalização e forçar uma mudança nas relações económicas e financeiras em que
assentou, durante as últimas décadas, o
actual modelo de globalização.
Um mundo globalizado não pode ser um mundo da pura
selvajaria humana, ambiental e económica criado por este modelo de globalização.
Existem alternativas ao actual modelo de globalização que
não seja o nacionalismo proposto por Trump e pelos seus seguidores europeus.
O actual modelo de globalização está ferido de morte pelas
atitudes de Trump, mas tem de ser substituído por outro, ou cairemos todos no
ódio e na intolerância nacionalista para onde o novo presidente norte americano
pretende levar-nos.
A alternativa passa por reformar e reforçar o poder e a
influência de organizações internacionais, com a ONU à cabeça, mas que deve ter
em conta recomendações a acções da OMT, UNICEF, OMS, UNESCO, entre tantas
outras.
O poder financeiro deve submeter-se à melhoria das condições
de vida das populações e das condições ambientais do planeta e por isso é
preciso reformar o FMI, o Banco Mundial, e quejandos, varrendo-as da influência
dos actuais burocratas que as lideram, meros empregados do grande poder
financeiro.
A alternativa passa também por rever as regras do comércio
mundial, combatendo o dumping social. Aqui a Europa pode dar o exemplo,
desfazendo os paraísos fiscais que ainda existem no seu solo, obrigando quem
exporta para Europa a cumprir requisitos ambientais, socias e fiscais, idênticos
àqueles que são exigidos aos cidadãos e empresas europeias, combatendo a
desigualdade nas suas mais variadas vertentes e reforçando a Europa Social.
Sé assim a Europa pode, mais uma vez, ser a alternativa aos
modelos desumano que Putin, Trump, a ditadura chinesa e o corrupto sistema
financeiro mundial pretendem impor aos cidadãos do mundo.
Só assim a Europa pode fugir a uma nova partilha em zonas de
influência que esses mesmos modelos ambicionam.
Mas para isso é necessário alterar profundamente o modelo
político e as instituições europeias, um trabalho moroso e penoso, mas que pode
e deve unir os cidadãos que ainda acreditam na Europa como um espaço exemplar
de igualdade, cidadania, respeito pelas minorias e pelo ambiente, enfim, um
espaço de verdadeira democracia e liberdade, exemplar para um mundo cada vez
mais desesperado.
A luta contra o absurdo de um mundo partilhado por Trump,
Putin e a burocracia chinesa, pode ser o último alento para unir os Europeus e
salvar o projecto europeu.
"Só" nos falta um Churchil e um DeGaulle...!!
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