Durão Barroso foi ontem formalmente substituido por Jean-Claude Juncker à frente do Conselho da Europa, após o nome deste ter sido confirmado pelo Parlamento Europeu.
Pela primeira vez a presidência do Conselho da Europa resulta da escolha dos eleitores nas últimas eleições europeias, o que é, em princípio, um bom sinal para o futuro democrático da União Europeia.
Um outro sinal positivo é a saida daquele que foi o pior e mais incompetente de todos os presidentes da comissão europeia, Durão Barroso, mais preocupado em agradar aos mercados financeiros do que aos interesses dos cidadãos da União e,ainda por cima, o homem de mão da srª Merkel.
Pelo contrário, Jean-Claude Juncker, apesar de alinhar com o neoliberalismo dominante na Europa, fez, apesar de tudo, a diferença, sendo uma das vozes críticas contra as políticas austeritárias impostas por Merkel e Barroso a países como Portugal.
Contudo, a tomada de posse da Juncker fica desde já manchada com a notícia, ontem divulgada, sobre um secreto "Pacto de Competividade", forjado mais uma vez nas costas dos Europeus, pela srª Merkel e com o aval da anterior comissão Europeia (com Barroso e Rhen à cabeça).
Segundo essa notícia e esse documento secreto, ontem denunciado pelo jornal espanhol Publico, Merkel pretende impor a toda a Europa as políticas de austeridade levadas à prática em Portugal e na Grácia, reduzindo salários, acelerando privatizações do sistema público, destruindo direitos sociais, fortalecendo o poder do grande patronato e do sistema financeiro.
A srª Merkel tem como modelo social para a Europa, excluindo dele a Alemanha e os países nórdicos seus aliados desse pesadelo social, o modelo chinês que ela tanto admira, como se confirma pelas suas frequentes visitas àquele paraíso financeiro e económico dos neoliberais, pouco sensibilizados para a falta de direitos humanos e sociais daquela nação...o que interessa são os negócios (tal como cá, em ponto mais pequeno, com a forma como o nosso sistema financeiro lida com o corrupto governo angolano).
A forma como Juncker irá lidar com esse pacto anti-europeu vai ser a prova de fogo do novo Conselho Europeu. Se o apoiar, frustará mais uma vez um futuro de estabilidade social na Europa e mostrará mais uma vez que os políticos europeus têm um discurso para as eleições e têm outra prática quando chegam ao poder, abrindo caminho para o populismo e o extremismo anti-democrático.
Juncker é a última oportunidade para a Europa voltar ao caminho do progresso social, ambiental e económico que é desejado pela maioria dos cidadãos europeus.
Se não enfrentar as intenções anti-socias e, a prazo, anti- democráticas e anti-europeias, de Merkel e dos seus mercados financeiros, Juncker frustará mais uma vez o sonho de construção de uma Europa próspera, socialmente equilibrada, com responsabilidades ambientais, pacífica e democrática.
Se falhar, está aberto o caminho para a destruição do modelo social europeu, para a destruição da democracia tal como a conhecemos e para a tomada de poder da extrema-direita, do que resultará, a prazo, o regresso do clima de guerra e destruição que marcou a Europa na primeira metade do século XX.
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