Os dias que rolam, numa visão plural, pessoal e parcial de um mundo em rápida mutação. À esquerda, provocador e politicamente incorrecto, mas aberto à diversidade...as Pedras Rolam...
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quarta-feira, 30 de julho de 2014
segunda-feira, 28 de julho de 2014
NO CENTENÁRIO DO INÍCIO DA PRIMEIRA GUERRA.
Há cem anos iniciava-se a Primeira Grande Guerra, com a declaração de Guerra da Austria à Sérvia, na sequência do atentado de Sarajevo um mês ano.
Começava assim uma das épocas mais negras da história de humanidade e, em especial, da história europeia.
A Europa só voltaria a conhecer a paz em 1945.
Entre 1914 e 1945 o mundo conheceria uma devastadora crise economica e social, a ascensão de regimes totalitários como o fascismo, o stalinismo e o nazismo e uma segunda guerra, ainda mais devastadora.
Ao que parece o mundo já se esqueceu das lições dessa época e vive de novo uma crise economico e social devastadora e uma imensidão violentos de conflitos regionais, cujo resultado ainda é uma incógnita.
Recordar a história da Primeira Guerra, que marca também o verdadeiro início do "pequeno século XX", é um importante contributo para reflectirmos sobre o tempo em que vivemos, onde, trágicamente, se parecem avolumar os erros que conduziram a tragédias como aquela.
O jornal Público iniciou hoje a publicação de dossier diários sobre essa guerra e os seus reflexos em Portugal, podendo ser consultado clicando em cima, no título desse diário.
Mas também destacamos aqui os dossiers de jornais de referência como o EL País , o EL MUNDO , o Le Monde e o The Guardian. A sua consulta é uma boa sugestão para estas férias.
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sexta-feira, 25 de julho de 2014
OS "15 Minutos" de ...má fama de Ricardo Salgado: A imprensa espanhola destaca a detenção e acusação contra Ricardo Salgado:
(...nos "Bons velhos tempos"!!!)
O jornal espanhol El País é um dos jornais a dar destaque à situação. O mesmo acontece no ABC, e no EL Mundo.
...enfim, pode ser que desta vez a culpa não morra solteira.
Para mim havia uma solução para os gananciosos como Ricardo Salgado...pagar até ao último tostão o que devem da fuga aos impostos e de branqueamento de dinheiro, juntamente com os custos que a sua vergonhosa actuação tem para o crédito do país (em aumento de juros e fuga de investimento)...e se não sobrasse nada das suas fortunas, ficavam a viver com uma pensão de sobrevivência ou um subsidio de reinserção social.
Infelizmente Ricardo Salgado sabe demais sobre as negociatas dos últimos anos envolvendo a classe política, os favores de jornalistas e comentadores, gabinetes de advogados, gente da alta finança e grandes empresários ,por isso, o mais provável, com uns recursos em tribunal para arrastar processos até à sua prescrição, é ser tudo branqueado...aliás uma prática em que aquele senhor é especialista!!!
É caso par dizer que, se um cidadão "normal" sonha com os seus 15 minutos de fama, Ricardo Salgado goza por estes dias dos seu 15 minutos de....má fama (e se tudo correr como habitual, passarão depressa..).
É caso par dizer que, se um cidadão "normal" sonha com os seus 15 minutos de fama, Ricardo Salgado goza por estes dias dos seu 15 minutos de....má fama (e se tudo correr como habitual, passarão depressa..).
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quarta-feira, 23 de julho de 2014
A crónica de Pedro Tadeu :Onde estão os amigos de Ricardo Salgado? -
Com a "credibilidade" que merecem dos portugueses, Coelho, Cavaco, Costa (do BdP) e os comentadores do costume, "amigos" da banca, vêm, sossegar os portugueses sobre o destino do BES e os custos para os contribuintes.
Mas há muitas perguntas que urge fazer:
Onde estão os amigos de Ricardo Salgado? - Opinião - DN (clicar para ler).
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terça-feira, 22 de julho de 2014
O DIA DE HUMILHAR PROFESSORES...
A história repete-se, a primeira vez com tragédia, a segunda como comédia.
O ataque aos professores e à sua dignidade começou com Maria de Lurdes Rodrigues e foi...uma tragédia.
Agora repetiu-se, mas sob a forma de comédia, com o inenarrável Nuno Crato, rei do cinismo nacional e descarado ministro da educação (???) e ciência (???).
Ao menos Maria de Lurdes tinha um projecto, gostasse-se ou não dele, e tinha conhecimentos sobre o assunto,mesmo que fizesse destes, quanto a nós, um uso incorrecto e tendencioso.
Nuno Crato é a suprema ignorância, um mero executor das políticas de austeridade aplicadas à educação, competente em ver-nos a todos como simples números embrulhados em cálculos matemáticos.
A cereja em cima do bolo da sua inqualificável "política educativa" está no modo com convocou os professores mais novos para o exame deste dia, um exame também ele inqualificável e que tem como único objectivo humilhar os professores.
Em homenagem aos meus jovens ex-colegas, aqui deixo a última crónica de Pacheco Pereira sobre o tema, que arruma o tema (e Nuno Crato) com a mestria de um pensador atento e informado:
"Voltamos à moralidade ou à falta dela
por JOSÉ PACHECO PEREIRA in Público de 19/07/2014
"Voltar a falar de moralidade é algo que só faço com imensa relutância.
A palavra e a coisa são tão ambíguas e prestam-se a tantas manipulações, que a
probabilidade de sair asneira ao usá-la é grande. Por regra, entre o moralismo
hipócrita, tão comum no mundo católico apostólico romano, e o cinismo, eu acho
que o cinismo faz menos estragos em democracia.
"O ponto de vista realista, ou, se se quiser, cínico, pode ser pedagógico
em política, quando esta está cheia de falsos moralismos, densa de presunção
moral. Já houve alturas em que foi assim e ocasionalmente, nalguns momentos e
eventos, é assim. Nessas alturas faz bem lembrar que a natureza humana é como
é, e pode-se ser um carácter duvidoso a título pessoal e ser-se um bom
político, que sirva a comunidade e o bem comum. Churchill serve de exemplo, ou
Lincoln. Parece chocante, mas a moralidade pessoal é um terreno pantanoso em
que é mais fácil entrar do que sair e o julgamento da moralidade alheia, quase
sempre hipócrita, tem a notável tendência de funcionar como boomerang. É por
isso que só com pinças.
"Mas no tempo em que vivemos não é o moralismo o risco, dada a natureza
dos nossos governantes que cresceram numa cultura amoral e de “eficácia”. Por
isso é preciso o contrário, chamar a moralidade para a praça pública, porque há
coisas que são inaceitáveis numa democracia que desejamos minimamente decente.
Já não digo sequer decente, mas minimamente decente. E têm a ver com a moral
porque atingem a verdade, a recta intenção, o objectivo do bem comum, o
respeito pela dignidade das pessoas e são actos de maldade, de mau carácter,
muitas vezes disfarçados de espertezas e habilidades.
"O exercício desta imoralidade activa na governação impregna toda a vida
pública de maus exemplos, de salve-se quem puder, de apatia ou revolta, de
depressão ou violência. Torna Portugal um país doente e um país pior, promove
os habilidosos sem escrúpulos e afronta os homens comuns, insisto, minimamente decentes,
que não querem o mal para ninguém, desde que os deixem sossegados e sem
afronta. É isso que provoca a institucionalização do dolo, do engano, a
construção de políticas destinadas a tramar portugueses, umas vezes muitos e
outras vezes poucos, sem qualquer vergonha por parte dos seus executantes. E aí
eu nasço redivivo como um moralista agressivo, e falo cem vezes do mesmo, sem
descanso. Não gosto, mas falo.
"A história mais recente e que me fez escrever este artigo foi a
desfaçatez do truque que o Ministério da Educação usou para marcar os exames
aos professores com três dias úteis de pré-aviso, caindo do céu da surpresa no
fim de Julho, com grande estrondo. Na verdade, são teoricamente cinco dias, o
mínimo exigido por lei, mas só teoricamente. O truque foi pré-assinar um
despacho em segredo, no quinto dia divulgá-lo no Diário da República a contar
do dia da sua assinatura, para que na prática faltassem, após o anúncio ser
conhecido, apenas três dias úteis até ao exame, 17, 18, e 21 de Julho. Professores
que já estavam a receber o subsídio de desemprego, que já estavam de férias, e
que não sabiam que iam ter um exame para que é suposto prepararem-se, cai-lhes
em cima uma data que é já praticamente amanhã. Nem o gado é suposto ser tratado
assim, mesmo quando vai para o abate.
"Porquê esta rapidez? A resposta é muito simples: para evitar que os
sindicatos pudessem apresentar um pré-aviso de greve no prazo exigido pela lei
– ou seja, o Governo faz um truque descarado e sem vergonha para contornar uma
lei da República, que permite o exercício de um direito.
"Pode-se ter o ponto de vista que se quiser sobre os exames exigidos a
professores que já tinham as qualificações necessárias para ensinar e, nalguns
casos, já ensinavam há vários anos. Esta é outra questão e sobre ela não me
pronuncio. O Governo pode até ter razão em querer os exames e os professores
não ter ao recusá-los. Aqui posso ser agnóstico sobre essa matéria. Não é sobre
isto que escrevo, mas sobre o pequeno truque, habilidade, esperteza e os seus
efeitos de dissolução social como norma de governação.
"Vai haver quem encolha os ombros e ache muito bem que se pregue uma
partida a Mário Nogueira e aos seus sindicalistas da Fenprof. (No entanto,
todos os sindicato, mesmo os da UGT, dirigidos por membros e simpatizantes do
PSD, estão de acordo em recusar o truque do Governo.) Mas, como a sociedade
portuguesa está em modo de “luta de classes”, há aí muita gente agressiva a
querer vingança no tempo útil que sobra até o Governo cair. A mó já é a mó de
baixo e daí muita raiva pouco contida, que serve de base à indecência".
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segunda-feira, 21 de julho de 2014
Palestina, Holocausto e a "guerra dos Cartoon´s"...
Terminei recentemente a leitura de um livro terrível, intitulado
“Sonderkommando”, escrito por Shlomo Venezia.
Esse livro, escrito em forma de entrevista, conduzida por Béatrice
Prasquier, e com prefácio de Simone Veil, é um descrição rigorosa da vida nos
campos de concentração nazis, a maior parte passada pelo entrevistado em
Auschwitz.
Como membro do “sonderkommando”, isto é, do grupo de prisioneiros que
cuidava de todos as actividades relacionadas com a “indústria” da morte
praticada nesse campos da morte, (conduzir os prisioneiros ao extermínio,
enterrar e cremar os mortos, separa os seus bens, limpar os vestígios…) e tendo
sido dos poucos sobreviventes desse grupo, a sua descrição é das mais terríveis
que até hoje li sobre o assunto, e já li (e
vi) muitos livros, documentos e filmes sobre o tema.
Esta livro devia ser de leitura obrigatória para toda a gente,
principalmente pelos “negacionistas” ou por aqueles que procuram relativizar os
crimes nazis ou compará-los com situações que não são comparáveis, quer pela frieza,
quer pela organização burocrática, quer pela irracionalidade do holocausto.
O que mais dói por estes dias é a falta de respeito pelo sofrimento
desses judeus, e não só, que passaram por essa terrível experiência, falta de
respeito que vem de onde menos de devia esperar, do próprio governo judeu de
Israel, ao usar, contra o povo palestiniano, uma crueldade tão abjecta como
aquela que foi praticada pelos nazis, pesem contudo as devidas diferenças de
grau.
A frieza e as justificações dadas pelo governo israelita para matar
civis inocentes entre a população palestiniana deve-nos envergonhar a todos,
não só aqueles, como eu, que acho que o estado de Israel tem direito a existir
em paz, em pé de igualdade com um estado palestiniano, mas também aqueles que,
de origem judaica, tudo deviam fazer para respeitar a memória dos seus
antepassados que sofreram no holocausto.
Claro que o Hamas, não é inocente em todo este processo e que, em
muitos aspectos, se comporta como um mero grupo terrorista. Mas ao actuar como actua, o governo israelita não de diferencia muito desse grupo radical. A
diferença está no grau de violência, o “pequeno” terrorismo do Hamas contra o
“grande” e desproporcionado terrorismo
de Estado do governo de Israel. Há contudo recordar que esse grupo radical só
se expandiu porque, na sua origem, os falcões de Israel o incentivaram a
crescer entre os palestinianos, como forma de fazer contraponto com a OLP e, assim, contribuir para a divisão dos
palestinianos.
Mais uma vez estamos perante o “monstro” que foge ao controle do seu
“criador”.
É urgente que a carnificina seja travada, nem que seja em nome da
memória dos judeus que deram a sua vida pela construção de um Estado onde
pudessem viver em paz e ultrapassar um passado de perseguições violentas.
Os tempos não são para fazer humor, mas muitas vezes um bom cartoon
denuncia melhor a gravidade de uma situação que muitos discursos.
É o caso do conjunto de cartoon´s que seleccionamos para denunciar a
grave situação de se vive em Gaza, incluindo alguns que são de mera propaganda,
de um ou outro lado.
Esperemos que esta selecção possa contribuir para uma reflexão sobre o
que se passa nesse martirizado sitio.
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quinta-feira, 17 de julho de 2014
Acidente ou atentado? - Avião da Malaysia Airlines despenha-se na Ucrânia
Um avião que tinha partido de Amesterdão despenhou-se na Ucrânia, numa região fustigada pela guerra civil que grassa nalgumas zonas do país.
Tanto os rebeldes como o governo Ucrâniano negam a responsabilidade pelo acidente, embora o Presidente Ucrâniano se tenha apressado a acusar os rebeldes de terem abatido o avião que levava cerca de trezentas pessoas, entre passageiros e tripulação e que se deslocava para a Malásia.
O avião pertencia à mesma companhia que há meses atrás sofreu outro acidente com um avião até hoje desaparecido.
Este acidente pode ser a prova dos nove do conflito na Ucrânia. Se o presidente da Ucrânia tiver razão nas suas acusações, fica provado o carácter criminoso da acção dos rebeldes. Se, pelo contrário, estes não forem responsáveis, fica provada a irresponsabilidade e o aventureirismo do actual governo da Ucrânia.
Seja como for, é urgente apurar responsabilidades.Se tiver sido um atentado, a situação faz-nos recordar, com preocupação, uma semelhança , cem anos depois, com o trágico atentado se Sarajevo que foi responsável pelo desencadear da Primeira Grande Guerra em 1914...
Avião da Malaysia Airlines despenha-se na Ucrânia - Globo - DN (clicar para seguir notícia).
Mais informações AQUI, AQUI, AQUI ou AQUI
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Um Poema para a semana - "Do Outro Lado", de Ana Paula Alexandra
DO OUTRO LADO
Não, não queiram saber.
É lá longe, em terras com nomes estranhos,
com gente que não fala a nossa língua,
que tem outras raízes, outros deuses,
outra forma de olhar as fronteiras,
outra maneira de morar em casas em ruínas
ou tapadas por muros ou que ficam em ruas que já não
existem.
Não, não vale a pena deter o olhar no mapa
são países que não estão no roteiro das viagens,
onde nada acontece do que nos importa,
onde só há gente a tentar viver mais um dia,
onde o futuro definitivamente não entra nos sonhos,
caso sonhem …
Afeganistão, Síria, Iraque, Palestina…
Tudo fica em terra estranha,
Tudo permanece do outro lado do mundo que conhecemos.
Não nos pertencem.
Revoltam-se, sobrevivem, morrem todos os dias,
mas não são gente como nós,
as suas histórias não são notícia,
notícia são as bombas a cair.
Mas estranhamente, neste mundo estranho
quando se consegue ver um rosto, está lá tudo:
as lágrimas salgadas como o mar da nossa terra
a saudade por inteiro que é só nossa,
a raiva de não ir mais além, tão portuguesa,
um fado tão antigo no olhar com que se espera o futuro…
Podíamos ser nós.
Ana Paula Alexandra
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quarta-feira, 16 de julho de 2014
No Dia em que Juncker substitui Barroso, sabe-se do pacto secreto de Merkel para destruir direitos socias: El Pacto de Competitividad europeo: la nueva arma de Merkel para imponer políticas neoliberales
Durão Barroso foi ontem formalmente substituido por Jean-Claude Juncker à frente do Conselho da Europa, após o nome deste ter sido confirmado pelo Parlamento Europeu.
Pela primeira vez a presidência do Conselho da Europa resulta da escolha dos eleitores nas últimas eleições europeias, o que é, em princípio, um bom sinal para o futuro democrático da União Europeia.
Um outro sinal positivo é a saida daquele que foi o pior e mais incompetente de todos os presidentes da comissão europeia, Durão Barroso, mais preocupado em agradar aos mercados financeiros do que aos interesses dos cidadãos da União e,ainda por cima, o homem de mão da srª Merkel.
Pelo contrário, Jean-Claude Juncker, apesar de alinhar com o neoliberalismo dominante na Europa, fez, apesar de tudo, a diferença, sendo uma das vozes críticas contra as políticas austeritárias impostas por Merkel e Barroso a países como Portugal.
Contudo, a tomada de posse da Juncker fica desde já manchada com a notícia, ontem divulgada, sobre um secreto "Pacto de Competividade", forjado mais uma vez nas costas dos Europeus, pela srª Merkel e com o aval da anterior comissão Europeia (com Barroso e Rhen à cabeça).
Segundo essa notícia e esse documento secreto, ontem denunciado pelo jornal espanhol Publico, Merkel pretende impor a toda a Europa as políticas de austeridade levadas à prática em Portugal e na Grácia, reduzindo salários, acelerando privatizações do sistema público, destruindo direitos sociais, fortalecendo o poder do grande patronato e do sistema financeiro.
A srª Merkel tem como modelo social para a Europa, excluindo dele a Alemanha e os países nórdicos seus aliados desse pesadelo social, o modelo chinês que ela tanto admira, como se confirma pelas suas frequentes visitas àquele paraíso financeiro e económico dos neoliberais, pouco sensibilizados para a falta de direitos humanos e sociais daquela nação...o que interessa são os negócios (tal como cá, em ponto mais pequeno, com a forma como o nosso sistema financeiro lida com o corrupto governo angolano).
A forma como Juncker irá lidar com esse pacto anti-europeu vai ser a prova de fogo do novo Conselho Europeu. Se o apoiar, frustará mais uma vez um futuro de estabilidade social na Europa e mostrará mais uma vez que os políticos europeus têm um discurso para as eleições e têm outra prática quando chegam ao poder, abrindo caminho para o populismo e o extremismo anti-democrático.
Juncker é a última oportunidade para a Europa voltar ao caminho do progresso social, ambiental e económico que é desejado pela maioria dos cidadãos europeus.
Se não enfrentar as intenções anti-socias e, a prazo, anti- democráticas e anti-europeias, de Merkel e dos seus mercados financeiros, Juncker frustará mais uma vez o sonho de construção de uma Europa próspera, socialmente equilibrada, com responsabilidades ambientais, pacífica e democrática.
Se falhar, está aberto o caminho para a destruição do modelo social europeu, para a destruição da democracia tal como a conhecemos e para a tomada de poder da extrema-direita, do que resultará, a prazo, o regresso do clima de guerra e destruição que marcou a Europa na primeira metade do século XX.
terça-feira, 15 de julho de 2014
sexta-feira, 11 de julho de 2014
O Caso BES - A "Família" e "Amigos" que paguem a crise...nós não pagamos!!!
O BES é chamado o Banco do
regime.
O seu poder está ramificado, não
só na vida financeira e económica do
país, mas também na vida política, empregando gente mais ou menos conhecida do
“centrão” e que teve responsabilidades políticas em vários governos. Os favores
desta gente contribuíram para a afirmação do banco.
Ao mesmo tempo gente do BES e das
empresas “satélite”, familiares e gestores, construíram uma rede de amizades
pessoais e ligações familiares junto, não só de sectores da vida política, mas
também junto da comunicação social e de alguns conhecidos opinion makers, que
assim cumprem o papel de desviar a atenção da opinião pública, nem que seja
pelo mero silêncio, dos verdadeiros responsáveis da nossa crise, tentando
passar a mensagem dos portugueses que viviam “acima das suas possibilidades” , ou
atirando para os direitos sociais, para os trabalhadores em geral e os
funcionários públicos em particular , os reformados e trabalhadores, o ónus da
crise que o sistema financeiro provocou.
Defensores das “reformas
estruturais”, isto é, desvalorização salarial, aumento dos impostos sobre quem
trabalha, redução das direitos laborais, distrairam as atenções da opinião
pública das verdadeira reformas que era necessário fazer no sistema financeiro,
continuando este, e os seus executantes, a gozar de todo o tipo de privilégios
e de lucros das negociatas que continuaram a fazer à sombra do tal Estado que
tanto dizem odiar.
Só que algo correu mal.
Zangaram-se as comadres e descobriram-se as verdades e agora pretendem que,
mais uma vez, sejam os contribuintes a salvar o corrupto sistema financeiro que
está por detrás desta crise e da austeridade que todos sofremos.
É tempo de,por esta vez, serem
eles a pagar, do seu bolso, a crise e, enquanto a família Espírito Santo e os
seus capatazes (na administração e nos favores políticos) tiverem património, é
com este que devem pagar os desvarios, não é o “Estado”, isto é, os
contribuintes e os trabalhadores, com os seus impostos e mais austeridade.
Claro que, se não sobrar nada no
fim, o Estado pode garantir a sobrevivência dessa gente: através do RSI’s para
os que ainda não têm idade para a reforma, e de uma pensão mínima de
sobrevivência para os maiores de 66 anos…
Entretanto aqui ficam dois textos
que nos contam a história deste Banco e das suas ligações ao regime
democrático, nos últimos anos e nas últimas semanas:
A HISTÓRIA RECENTE DE
UM BANCO QUE (AINDA) MANDA EM PORTUGAL:
“(…) O maior accionista individual do BES é hoje [2010] Maria do Carmo
Moniz Galvão Espírito Santo, a viúva de Manuel Ricardo Espírito Santo Silva,
que presidiu ao BES no período de 1974 a 1991. É bisneta de Henrique Francisco
Luís de Sommer (tal como António Champalimaud) e de José Maria do Espírito
Santo Silva, o fundador do banco.
“O seu pai, Fernando Moniz Galvão, era simultaneamente administrador do
BES e director do Banco Comercial de Lisboa, e conduziu a integração deste
banco no grupo Espírito Santo, em 1937. Maria do Carmo tem dois filhos: um
administra a Santogal (comércio de automóveis, factura 450 milhões por ano), o
outro é presidente da ES Maria do Carmo Moniz Galvão Resources (1000 milhões
por ano). As suas duas filhas, na tradição familiar que ela própria seguiu,
herdam mas não dirigem.
“Na ditadura e depois na democracia, a genealogia dos Espírito Santo
manteve sempre o mote que Ricardo Salgado anuncia em 2010: o BES é «um banco de
todos os regimes» (DN, 12.04.2010). É mesmo: durante 140 anos, sobreviveu a
muitos governantes e de todos obteve vantagens. Assim, o grupo BES detém hoje o
banco, mas também participações financeiras importantes em mais de quatrocentas
empresas, algumas estratégicas, como a PT. Está em mais de vinte países e «teve
uma palavra a dizer em todos os negócios do país na última década, ao ponto de
se poder dizer que a sua esfera de influência é hoje maior do que no tempo do
Estado Novo», conclui uma investigação recente acerca do grupo (P, 08.03.2010).
Representa mais de 5% do PIB, emprega vinte mil trabalhadores e organiza-se
através de uma complexa rede empresarial, com duas holdings financeiras com
sede na Suíça e no Luxemburgo, dois paraísos fiscais. A Escom, que actua nos
petróleos e noutros negócios, tem sede nas Ilhas Virgens, outro paraíso fiscal
- a empresa tem sido investigada em diversos casos, como o da Herdade da Vargem
Seca, por tráfico de influências e financiamento ilegal do CDS, e por corrupção
ou pagamento de comissões injustificadas nos contratos dos submarinos, entre
outros (ibid.). O BES foi ainda o centro das investigações da Operação Furacão,
que investiga fraudes fiscais.
"Em Portugal, Espanha (o juiz Baltazar Garzon ordenou buscas na sede do
BES em Madrid), Brasil (ao caso «mensalão», compra de votos no parlamento) e
Estados Unidos (o dinheiro de Pinochet), tem sido objecto de investigações
judiciais (ibid.).
"O seu poder político é imenso: pelos seus quadros passaram ou
colaboraram personalidades como Manuel Pinho, ex-ministro do PS, Ângelo
Correia, ex-ministro do PSD, Durão Barroso, ex-primeiro-ministro e presidente
da Comissão Europeia, António Mexia, ex-ministro do PSD.
"Freitas do Amaral, fundador do CDS e ex-ministro de vários governos,
foi o presidente da Petrocontrol, a holding de diversos interesses na GALP, em
que ressaltava o BES. A sua participação na empresa acabou por ser vendida à italiana ENI e à
Iberdrola, por pressão do ministro Pina Moura, que mais tarde seria o
presidente da Iberdrola em Portugal. Por acção do mesmo ministro, as
mais-valias da venda das acções da Petrocontrol foram isentas de imposto
(ibid.). Ângelo Correia, agora eminência parda do PSD, liderou o consórcio que
incluía o BES, a Fomentinvest (5) e a Carlyle, o fundo especulativo dirigido
por Frank Carlucci, ex-embaixador dos EUA em Lisboa e ex-director da CIA, e que
concorreu à compra de parte da GALP, tendo sido derrotado (6).
"Pelo BES passaram ainda Nuno Vasconcelos e Rafael Mora, promotores do
movimento Compromisso Portugal e dirigentes da Ongoing, que comprou parte da PT
por 700 milhões de euros, financiados pelo banco de Ricardo Salgado e pelo BCP.
O BES reforçou depois o seu investimento na empresa, através de aplicações de
clientes. A Ongoing foi candidata à compra da TVI, mas falhou o negócio”.
“ (5) A Fomentinvest é dominada por Ângelo Correia, mas o BES tem 15%
do capital. Pedro Passos Coelho fez a sua carreira profissional nesta empresa,
sob a tutela de Ângelo Correia (P., 08.03.2010).
“(6) Devido a notícias publicadas no Expresso sobre este negócio, o BES
decidiu retirar a publicidade nesse semanário e em todo o seu grupo”.
In “Os Donos de Portugal - Cem anos de poder económico (1910-2010)”,
ed. Afrontamento 2010, pp 287 e 288.
….E A HISTÒRIA DOS
ÚLTIMOS DIAS:
“Salvem o BES e deixem cair a família.
Por Pedro Sousa Carvalho, jornalista do Público, 11 de Julho de 2014
“O BES é um banco too big tofail Mas a família não. Há quem fale numa
relação incestuosa a nível das holdings.
“É verde, viscoso e propagasse a uma velocidade estonteante. Quem
entrar em contacto com o vírus do BES começa a sentir vertigens e arrisca-se a
uma queda valente. 0 trambolhão do BES, que ontem chegou a cair mais de 18%,
foi tal que o regulador teve de suspender a negociação das acções, colocando o
banco numa espécie de quarentena para não infectar as restantes empresas da
bolsa.
“O regulador tentou evitar o contágio, mas o pânico rapidamente se
instalou nos mercados. A Portugal Telecom, já bastante infectada por ter estado
em contada directo com o BES, afundou-se mais 7%, a banca foi toda atrás e
nenhuma das empresas do PSI 20 saiu ilesa. Numa questão de segundos o que valia
muito passou a valer pouco e o que valia pouco passou a não valer nada.
“Os juros da divida pública dispararam e tiveram a maior subida desde a
crise política de 2013, quando Portas apresentou a demissão “irrevogável”.
“A crise no BES saltou fronteiras e fez mossa por esse mundo fora.
Portugal voltou a ser manchete em todos os jornais internacionais. “Global
markets tumble amid fears over portuguese lender”, escrevia ontem o The Wall
Street Journal para nos contar que o vírus do BES já tinha contagiado as bolsas
europeias e nos EUA. O espanhol Banco Popular cancelou uma venda de dívida
convertível, o grupo farmacêutico italiano Rottapharm abortou um IPO e na
Grécia o Governo reduziu uma colocação de dívida pública por falta de procura.
“O Espírito Santo não é um banco too big to fail a nível europeu. Mas a
Lehman Brothers também não o era quando faliu. Pela reacção ontem dos mercados
é fácil perceber que existe um risco sistémico, caso o BES vá ao charco. O
assunto é particularmente sensível nesta altura em que bancos europeus estão
todos a tentar alindar os balanços para realizarem os testes de stress do BCE.
“0 Banco Espírito Santo tem nesta altura dois problemas: um de
liderança e outro de contabilidade. O problema de liderança já foi
aparentemente resolvido pelo Banco de Portugal, que tratou de afastar Ricardo
Salgado e toda a família da gestão executiva do banco. Não se sabe se por falta
de competência, de idoneidade ou de honestidade. Nunca o disse. Carlos Costa
limitou-se a abrir uma porta para que Ricardo Salgado e Companhia saíssem com
alguma dignidade. E nem isso conseguiram.
“Resta um problema de contabilidade. É verdade que os rácios de capital
do banco são sólidos. Mas o problema do BES resulta de uma intrincada teia de
holdings: a ES Control, o quartel- general da família, detém 56,5% da ES
International, que. por sua vez, é dona de 100% da Rioforte, que, por seu lado,
controla 49% da ESFG, que é o maior accionista do BES, com 25% do capital.
Estas empresas da família têm todas relações entre si, emprestam dinheiro e
compram coisas umas às outras numa relação que ontem um colunista do Financial
Times qualificava de “terrivelmente incestuosa”.
“É uma espécie de matrioska financeira. E no final há uma boneca
pequenina que está falida. Aliás, uma das justificações dada pela Moody’s para
baixar o rating da ESFG é precisamente a “falta de transparência em tomo não só
da situação financeira do Grupo Espírito Santo, mas também da amplitude das
ligações intragrupo”.
“O problema é que ao final do dia não se percebe até que ponto o banco
está ou não refém dessa cascata de holdings. E aí é que o mercado começa a
desconfiar. Se as holdings falirem, o problema é da família, azar o deles. Mas
se as holdings contagiarem o banco, o problema já é de todos nós.
“O que se sabe até agora é que o BES emprestou 200 milhões à Rioforte e
outros 780 milhões à ESFG. É muito dinheiro e aí o problema não é tanto de quem
pede emprestado, mas de quem emprestou. Como dizia o magnata americano Jean
Paul Getty: “Se deves 100 dólares ao banco, o problema é teu. Mas se deves 100
milhões, o problema já é do banco”. Apesar de tudo, mil milhões de euros de
perdas o BES terá com certeza estofo para aguentar em caso de default das
holdings. 0 problema é que, além dos empréstimos os clientes de retalho do BES
têm uma exposição às holdings da familia que chega aos 651 milhões; e a
exposição dos clientes institucionais do banco às empresas do grupo é de 1,94
mil milhões. Em caso de incumprimento, quem vai responder por esta dívida que
não é do BES, mas que o banco vendeu nos seus balcões? Há aqui enorme risco,
nem que seja jurídico, qui banco tem de explicar.
“Mas nem o Banco de Portugal, nem BCE, nem o Governo vão deixar cair o
banco, as holdings da família estão falidas e não têm dinheiro para pagar o que
o banco e clientes lhes emprestaram, o Estado deve simplesmente obrigar a família
a vender posição de 25% que detém no BES e usar o dinheiro para saldar pelo
menos parte do que devem. Isto, partindo do princípio que os 25% ainda não
estão hipotecados a servir de colateral a algum empréstimo. Com novos accionistas,
fazia-se um rebranding, até porque hoje em dia o maior passivo do BES é reputacional; é o nome da
família “Espírito Santo”, que carrega a marca. E se a família recusar sair do
BES o Estado tem sempre a bomba atómica de nacionalizar o banco. E aí não há
nenhum vírus que sobreviva”.
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Luis Afonso
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