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quinta-feira, 4 de junho de 2020

COVID-19 – Outra Maneira de Olhar para os Números (9ª Semana)


Voltamos hoje a olhar para a   evolução da mortalidade do COVID-19 ao longo da última semana, a que decorreu entre o dia 28 de Maio e o dia  4 de Junho, a partir dos  dados hoje publicados no site da Organização Mundial de Saúde.

Continuamos a ter por base um grupo de 35 de países.

(Podem clicar AQUI para melhor comparar com a situação anterior e poderem ligar 8 post’s anteriores).

Começamos, como é habitual,  pelos lista do número de mortos registados até à data de hoje, embora os dados possam ter um atraso de um ou dois dias:

TOTAL DE MORTOS POR COVID-19 em todo o MUNDO – 383 872 mortos;

Estados Unidos – 106 051;
Reino Unido – 39 639;
Itália – 33 503;
Brasil – 31 199;
Espanha – 29 858;
França – 28 883;
Bélgica – 9 505;
Alemanha – 8 551;
Irão – 8 012;
Canadá – 7 414;
Índia – 6 075;
Holanda – 5 967;
Rússia – 5 215;
China – 4 645;
Turquia – 4 585;
Suécia – 4 468;

MÉDIA MUNDIAL POR PAÍS – 1 968; 

Suíça – 1 658;
Irlanda – 1 658;

PORTUGAL – 1 436;

Japão – 903;
África do Sul – 792;
Áustria –  669;
Dinamarca – 580;
República Checa – 323;
Finlândia – 320;
Israel – 285;
Coreia do Sul – 273;
Noruega – 237;
Grécia – 179;
Austrália – 102;
Cuba – 83;
Singapura – 24;
Nova Zelândia – 22;
Islândia – 10;
Palestina – 5.

Mantem-se um conjunto de 15 países, entre os 35 analisados, com um número de casos mortais acima da média mundial.

Pela primeira vez, desde que começámos a registar estes dados, há um país, os Estados Unidos, que ultrapassou a centena de milhares de mortos.

O Brasil foi o caso mais alarmante, subindo da 6ª posição para a 4ª.

Mais abaixo, a Índia e a Rússia deram um preocupante pulo na posição dessa lista, a Índia da 15º para a 11ª posição e a Rússia da 16ª para a 13ª, ultrapassando ambos os países, pela primeira vez, o número da China.

Entre os países com números abaixo da média mundial, deve registar-se também a subida de dois lugares da África do Sul.

Há que estar atento à evolução desses países, pois todos eles são países de grande dimensão demográfica e geográfica.

Portugal continua na mesma posição.

Existem outros modos de olhar para esses números

Começamos por mostrar o crescimento percentual de mortes registadas ao longo desta semana, podendo observar os países onde esse crescimento é maior, mais rápido e mais preocupantes e aqueles que registam um maior abrandamento:

África do Sul – um aumento de mortalidade de 43,47% em relação aos números registados na semana anterior (contudo, neste caso, a base de partida é um número ainda muito baixo);
Situação “preocupante” (ver explicação das designações em baixo) :

Brasil – 27,28;
Rússia – 31,42;
Índia – 40,07;

Ritmo “lento” mas ainda perigoso:

Canadá – 11,13;

“Velocidade” média MUNDIAL – 9,09% (9,33% na semana anterior);

Suécia – 8,31;
Estados Unidos – 8, 08;

Ritmo aceitável, mas ainda não controlado:

PORTUGAL – 7, 00 (7,61% na semana anterior);

Reino Unido – 6,99;
Irão – 6,71;
Singapura – 4,34;
Turquia – 4,27;
Áustria – 4,04;

A caminho da “extinção”:

Grécia – 3,46;
Dinamarca – 3,01;
Espanha – 2,83;
Irlanda – 2,66;
Finlândia – 2,56;
Alemanha – 2,41;

A “finalizar”:
República Checa – 1,89;
Holanda – 1,89;
Bélgica – 1,83;
Itália – 1,74;
Coreia do Sul – 1,48;
França – 1,42;
Israel – 1,42;
Cuba -1,20;

“Extinta”:
Noruega – 0,85%;
Suíça – 0,66;
Nova Zelândia – 0;
Austrália – 0;
Palestina – 0;
Japão – 0;
China – 0;
Islândia – 0;

No geral regista-se um abrandamento na velocidade de crescimento.

Se na semana anterior existiam 7 países com um ritmo de crescimento na mortalidade superior à média mundial, neste momento apenas 4 países, entre os 35 analisados, se encontram nessa situação.
É significativo que não se tenham registados mortos em 6 desses países ao longo dessa semana, para além de outros dois que se aproximam dos 0% de crescimento da mortalidade.

Pela experiência empírica de uma semana a analisar estes números, podemos perceber que um crescimento da mortalidade semanal superior a 15% é ainda preocupante, e acima desse ritmo ainda algo descontrolado, que um ritmo entre os 15% e os 7% é lento, mas ainda perigoso, que só abaixo dos 3,5% (ou seja, 0,5% de crescimento diário) se pode considerar aceitável e a caminho da “extinção” e que tudo o que seja abaixo dos 2% já se pode considera um ritmo normal e animador quase sem COVID.

Esta é uma hipótese para interpretar a situação desses países face ao COVID-19.

Portugal ainda se encontra numa situação pouco segura, com um ritmo de crescimento lento, mas que não nos deve deixar ainda descansados.

Existe uma outra forma de observar os dados da mortalidade, a percentagem de falecidos em relação ao total de infectados, que pode ser revelador da melhor ou da pior resposta do Sistema de Saúde de cada país, da melhor ou pior actuação das autoridades, sem esquecer ainda outros factores que podem interferir, como a capacidades imunológicas da população, hábitos, envelhecimento, clima ou genética.

Incluímos a indicação dos países europeus onde a vacina da BCG é administrada à maioria da população:

Situação “negativa e trágica” (ver explicação das designações a seguir à lista):

França – 19,52 % de mortos em relação ao número de infectados registados;
Bélgica – 16,21;
Itália – 14,35;
Reino Unido – 14,25;
Holanda – 12,79;
Espanha – 12,42;
Suécia – 11,57;

Situação “preocupante” :

Canadá – 7,99;
Irlanda – 6,61; BCG
Grécia – 6,13; BCG

Média MUNDIAL – 6,00;

Estados Unidos – 5,81;
Brasil – 5,61;
China – 5,49;
Suíça -5,38;
Japão – 5,30;

Situação “aceitável” :

Irão – 4,98;
Dinamarca – 4,94;
Alemanha – 4,68;
Finlândia – 4,64;

PORTUGAL– 4,36; BCG

Áustria – 4,01;
Cuba – 3,93;
República Checa – 3,44; BCG
Índia – 2,80;
Noruega – 2,80;BCG
Turquia – 2,76;

Situação “boa”:

Coreia do Sul – 2,34;
África do Sul – 2,11;
Nova Zelândia – 1,90;
Israel – 1,66;
Austrália – 1,41;
Rússia – 1,20;
Palestina – 0,78;
Islândia – 0,55;BCG
Singapura. 0,06.

Este é um dos quadros que melhor consegue aferir sobre a eficácia na resposta à crise.

Uma mortalidade de infectados acima dos 10% é negativo e trágico.

Entre os 10% e os 5% é “preocupante”.

Entre os 5% e os 2,5% é “aceitável”.

Abaixo dos 2,5% é “boa”.

Mais uma vez é muito positiva a posição de Portugal, que consegue estar melhor do que países como a Holanda e a Suécia (dois mitos com “pés de barro” e em situação muito preocupante), ou que a Grécia, a Dinamarca, a Finlândia ou a Alemanha, países geralmente apontados como “exemplares”, e pouco pior que a Áustria.

Em relação à semana anterior, a Grécia ficou pela primeira vez acima da média mundial.

Contudo, estes números podem incorrer em erro, tendo em conta algumas falhas e algumas diferenças na forma de contabilizar os infectados ou registar os mortos por COVID-9.

Não será o caso de Portugal, também bem classificado na testagem média por habitante, e uma sociedade aberta em termos informativos.

Por isso, devemos cruzar aquela informação com o último quadro, onde se registam os números de mortos por cada 100 mil habitantes, dados que, apesar de mostrarem melhor a realidade comparada, podem ser “contaminados” pela base demográfica e pela dimensão de alguns países, disfarçando a gravidade da situação, muitas vezes concentrada apenas em certas zonas, como é o caso do Brasil.

Mesmo assim aqui deixamos esse último quadro:

Bélgica – 82,97 mortos por cada 100 mil habitantes;
Espanha – 63,89;
Reino Unido – 60.02;
Itália – 55.52;
Suécia – 43,70;
França – 43,11;
Holanda – 34,49;
Irlanda – 34,13;
Estados Unidos -32,26;
Canadá – 19,50;
Suíça – 19,44;
Brasil – 14,84;

PORTUGAL – 13,95;

Alemanha – 10,30;
Dinamarca – 9,98;
Irão – 9,74;
Áustria – 7,55;
Finlândia – 5,79;
Turquia – 5,51;

MÉDIA MUNDIAL – 4,98;

Noruega – 4,41;
Rússia – 3,55;
Israel – 3,10;
República Checa – 3,02;
Islândia – 2,73;
Grécia – 1,66;
África do Sul – 1,34;
Cuba – 0,74;
Japão – 0,71;
Coreia do Sul – 0,52;
Índia – 0,44;
Nova Zelândia – 0,44;
Singapura – 0,42;
Austrália – 0,39;
China – 0,33;
Palestina – 0,10.

Este tipo de observação parece, contudo, distorcer bastante a realidade, “beneficiando” principalmente os países de grandes dimensões, devido à concentração regional dos surtos, com acontece, por exemplo, com o Brasil e a Rússia.

Neste quadro Portugal não se sai tão bem como nos anteriores, apesar de a mortalidade ser relativamente baixa, mas mantendo-se próximo de países ditos “exemplares” como a Alemanha, a Dinamarca ou a Áustria.

Em relação à semana anterior há a registar a subida da Suécia, a ultrapassar a França e a subida do Brasil, a ultrapassar pela primeira vez Portugal.

Sem mais comentários, fiquem com os dados e tirem as vossas conclusões.

Voltaremos para a semana com nova análise dos dados.

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