Confesso que começo a ficar farto da invasão de especialistas em
estatísticas sobre a evolução do Covid-19, que proliferam por aí nas redes
sociais.
Claro que as estatísticas podem ajudar a compreender a forma como o
Covid-19 se propaga e, a partir delas, combater de forma mais eficaz a sua
propagação e ajudar a tomar medidas de prevenção.
O problema é a utilização de forma abusiva dessas estatística para
fazer chicana política ou com objectivos ideológicos, como se o Covid-19
tivesse tendência política.
Mais grave ainda é a manipulação abusiva dos dados estatísticos.
Sempre ouvi dizer que se “torturarmos” convenientemente os número eles
dão-nos o valor estatístico pretendido.
A mais recente "tortura" dos dados estatístico do Covid-19 dá pelo nome
pomposo “novos casos diários por 100 mil habitantes”, servindo, no caso que nos
interessa, para justificar a injustificável atitude de países, como a República
Checa ou a Dinamarca, em relação à situação portuguesa, atitude que tem, aliás,
entre nós, muitos seguidores entre comentadores e propagandistas das redes
sociais conotados com a direita populista.
Esquecem os que recorrem a esse “modelo”, altamente tendencioso e
manipulável, quatro coisas simples: o vírus não evolui ao mesmo tempo e à mesma
velocidade em todos os países; nem todos os países testam tanto como Portugal;
os critérios para calcular infectados, por falha grande da União Europeia, não
são todos iguais nos vários países; o envelhecimento populacional, factor que
muito pesa na gravidade da infecção entre a população, não é idêntico nos
vários países.
Por isso, só por má fé, propaganda ideológica ou pura ignorância é que
podemos levar a sérios certos modelos estatísticos que proliferam nas redes
sociais e entre comentadeiros.
Já sabemos que não estamos todos no mesmo barco, mas, ao menos, que estivéssemos
a remara para o mesmo lado.
Precisa-se de mais solidariedade e menos rancor e intolerância.
Sem comentários:
Enviar um comentário