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quarta-feira, 24 de junho de 2020

Covid, Redes Sociais e Torturadores de Estatísticas.


Confesso que começo a ficar farto da invasão de especialistas em estatísticas sobre a evolução do Covid-19, que proliferam por aí nas redes sociais.

Claro que as estatísticas podem ajudar a compreender a forma como o Covid-19 se propaga e, a partir delas, combater de forma mais eficaz a sua propagação e ajudar a tomar medidas de prevenção.

O problema é a utilização de forma abusiva dessas estatística para fazer chicana política ou com objectivos ideológicos, como se o Covid-19 tivesse tendência política.

Mais grave ainda é a manipulação abusiva dos dados estatísticos.

Sempre ouvi dizer que se “torturarmos” convenientemente os número eles dão-nos o valor estatístico pretendido.

A mais recente "tortura" dos dados estatístico do Covid-19 dá pelo nome pomposo “novos casos diários por 100 mil habitantes”, servindo, no caso que nos interessa, para justificar a injustificável atitude de países, como a República Checa ou a Dinamarca, em relação à situação portuguesa, atitude que tem, aliás, entre nós, muitos seguidores entre comentadores e propagandistas das redes sociais conotados com a direita populista.

Esquecem os que recorrem a esse “modelo”, altamente tendencioso e manipulável, quatro coisas simples: o vírus não evolui ao mesmo tempo e à mesma velocidade em todos os países; nem todos os países testam tanto como Portugal; os critérios para calcular infectados, por falha grande da União Europeia, não são todos iguais nos vários países; o envelhecimento populacional, factor que muito pesa na gravidade da infecção entre a população, não é idêntico nos vários países.

Por isso, só por má fé, propaganda ideológica ou pura ignorância é que podemos levar a sérios certos modelos estatísticos que proliferam nas redes sociais e entre comentadeiros.

Já sabemos que não estamos todos no mesmo barco, mas, ao menos, que estivéssemos a remara para o mesmo lado.

Precisa-se de mais solidariedade e menos rancor e intolerância.

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