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terça-feira, 2 de junho de 2020

Estados Unidos : A incapacidade de acabar com uma história de violência


A violência a que se assiste não é estranha à realidade diária de um país como os Estados Unidos.

Os Estados Unidos foram construídos na violência, primeiro contra os indígenas, num lento holocausto temporal, mas que no fim atingiu um número mais trágico do que o holocausto nazi ou o Gulag soviético.

Em paralelo, aquele país foi construído pela massificação do trabalho escravo de negros vendidos pelos comerciantes de escravos europeus, numa dimensão nunca antes vista na história, nem talvez no tempo dos romanos.

Ainda por cima, ao contrário de outras épocas históricas, a escravatura não tinha alternativa e era um estigma racial.

Podemos juntar a toda essa violência, muito concentrada entre os finais do século XVIII e o início da segunda metade do século XIX, a violência dos pistoleiros que impunham o seu poder político, social  e económico, à lei da bala, realidade que inspirou grandes escritores e cineastas.

Para se acabar com esse crime desumano da escravatura, foi preciso uma Guerra Civil, só ultrapassada em violência pelas duas Guerras Mundiais.

Mas o fim da escravatura não acabou com o estigma racial, que atingiu o seu auge nos anos 60 do século passado e custou muitos mortos e assassinatos para ser oficialmente extinto.

Mas, se o racismo “acabou” legalmente, o estigma social e as desigualdades por ele provocadas não terminaram em muitas zonas da “américa profunda” e esteve por detrás da eleição de Trump para presidente, vingando-se da excepção que tinha sido a eleição Obama, o primeiro negro presidente.

É conhecida a violência policial e o carácter racista das autoridades policiais nalguns estados norte-americanos.

Sabe-se também que a violência racista sempre esteve latente nestas décadas todas, mas o que se esperava das lideranças políticas do século XXI é que tivessem capacidade para atenuar essas tensões.

Mas o que temos visto por parte da actual administração norte-americana é acicatar de ódios entre cidadãos, promover a lei da bala e do mais forte e falar para agradar apenas à parte mais retrógrada , intolerante e facciosa da grande nação norte-americana.

O resultado está à vista.

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