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segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Jorge Fonseca, o verdadeiro herói português!



Regressados a este espaço, escolhemos como tema de abertura uma referência ao feito do judoca português Jorge Fonseca, sagrando-se campeão do mundo de judo na categoria de “-100Kg”, no passado dia 30 de Agosto, feito inédito no desporto nacional.

Escolhemos este tema como abertura de uma nova época neste blog, porque desejamos começar com uma boa notícia, selecionada  do muito que se passou durante o nosso período de ausência, mas também por tudo aquilo que Jorge Fonseca simboliza.

Em primeiro lugar estamos perante o feito de um jovem, oriundo de um meio social difícil, não só do ponto de vista económico, mas também do ponto de vista daquela que é a origem de muitos jovens portugueses, oriundos da imigração, revelando uma história de vida toda feita de dificuldades.

O atleta de  29 anos chegou a Portugal, oriundo de S. Tomé, com 11 anos, viveu no seio de uma família de imigrantes, numa zona problemática dos subúrbios de Lisboa, a Damaia, tornou-se pai com 17 anos e enfrentou um cancro.

Em segundo lugar, num país onde o futebol é rei, dominando a comunicação social até ao enjoo, é mais uma vez uma actividade desportiva que vive longe dos focos noticiosos que trás para Portugal um título com a dimensão daquele que foi conquistado por Jorge Ferreira, na senda, aliás, de uma outra judoca portuguesa, Telma Monteiro.

Os êxitos obtidos por atletas portuguesas neste desporto mostram que eles não são fruto do acaso, de um feito individual isolado, mas de todos um trabalho quase anónimo que começa em pequenos clubes de bairro (recorde-se aqui o caso local do clube de Runa que, ao longo dos anos, quase esquecido, contribui para o êxito do judo a nível nacional), e tem desenvolvimento em grandes clubes, quase no anonimato, mal pagos, esquecidos, tal o peso do futebol nesses mesmos clubes.

O feito de Jorge Fonseca mostra que o desporto é muito mais que futebol.

Fizesse-se um levantamento dos títulos europeus, mundiais e olímpicos obtidos nas várias modalidades e chegaríamos à conclusão que, em vez de seguir a máxima da nossa comunicação social segundo a qual “desporto é futebol, o resto é paisagem”, chegaríamos à conclusão inversa: no judo e em muitos outros desportos possuímos uma esmagadora quantidade de títulos internacionais, ao contrário do futebol, parco nesse mesmo tipo de títulos.

É caso para dizer, como o comprovou mais uma vez Jorge Fonseca, que, no desporto nacional, os títulos dados pelo futebol não passam de uma nota de rodapé na história do nosso desporto.

Obrigado Jorge Fonseca.

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