Nos últimos tempos tem sido notícia a promiscuidade familiar na vida
política, ou entre a politica e o mundo “empresarial”.
Nem uma politica, com a marca da competência e capacidade, como Elisa
Ferreira, parece escapar à “moda”.
De facto, a nomeação de Elisa Ferreira como Comissária Europeia parecia
caminhar para um “final feliz”.
Figura competente na área da gestão, aparentemente afastada da pequena
intriga política e de “mãos limpas”, tudo
parecia “talhado” à medida de um futuro político promissor.
Eis senão quando, no “melhor pano cai a nódoa”.
Descobriu-se que Elisa Ferreira é, por “coincidência”, casada como o
presidente de uma CCR, a do Norte, que gere naquela região os fundos estruturais
europeus, cuja distribuição e montante vão passar a ser decidido, na Comissão
Europeia…por Elisa Ferreira.
Claro que Portugal é um país pequenino, onde é difícil que todos não
sejamos, no mínimo, “primos afastados” uns dos outros ou não conheçamos alguém
com influência politica, com quem nos cruzamos na escola, na vizinhança ou na “associação”.
Mas parece que a acumulação de casos de promiscuidade familiar na vida
politica começa a ser preocupante.
Além disso Elisa Ferreira também se esqueceu que era accionista, embora
minoritária, de uma grande empresa portuguesa, a Sonae, que é considerada
lobista por aquela comissão e recebe fundos europeus, os tais que vão passar
pela decisão de Elisa Ferreira.
Claro que a mesma se apressou a vender as acções, mas foi pena que só o
tivesse feito quando o caso veio a público, o que revela muita “distracção” por
parte de alguém com uma imagem de competência como Elisa Ferreira.
Claro que todo este caso é um pequeno caso, no seio de casos muito mais
graves que são conhecidos todos os dias.
Elisa Ferreira parecia ser um lufada de ar fresco no seio de uma
Comissão Europeia que não augura nada de bom, quando criou uma pasta com o ridículo
nome de “Proteger o nosso modo de vida na UE” (!!!!), manteve o tenebroso
senhor Dombrovkis numa pasta com o pomposo nome de “economia que funciona para
os cidadãos”, ele que, transitando da anterior comissão, provou que os únicos “cidadãos”
que conhece e defende são os grandes gestores financeiros, ainda por cima
acumulando com a vice-presidência, criou outra pasta com um nome pomposo de “Democracia
e demografia”, entregue a uma comissária, a croata Dubravka Suica que, no
Parlamento Europeu, sempre protegeu a Hungria de Órban, de cada vez que alguns
deputados pretenderam condenar as violação ao Estado de Direito por parte do
governo húngaro, ou, pior ainda, colocou como comissária para o “alargamento” a
antiga ministra da justiça de Órban, responsável no seu país pelos maiores
ataques à independência do poder judicial.
Afinal, de acordo com as novas revelações, Elisa Ferreira talvez não esteja
a destoar assim tanto no “retrato de família” (sem ironia) da Comissão
Europeia.
Até porque, mais importante do que as pessoas, o que interessa aos
cidadãos, em relação à composição da Comissão Europeia é saber quais a s
políticas e estas parecem ir na continuidade do ataque generalizado aos
direitos socias dos cidadãos europeus, favorecendo o corrupto sector
financeiro.
Enfim, mais do mesmo!
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