Pesquisar neste blogue

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

O que os conservadores da Igreja podiam aprender com o fim da União Soviética


Nos últimos meses acentuou-se o ataque da ala conservadora da Igreja contra o Papa Francisco (Conservadores ao ataque ).

Na liderança desse movimento está o bispo norte-americano Carlo Maria Viganò, em aliança estratégica com o movimento Tea Party e o líder ideológico da extrema-direita norte-americana, Steve Bannon, que estiveram por detrás da vitória de Trump, sem esquecer o histórico reacionário Cardeal Raymond Burke (Quem são os inimigos do papa. Leia-se também do El País de Agosto, edição brasileira, publicado em Agosto último AQUI).

Seria bom, para além do simples bom senso, que esses conservadores, que querem “salvar”  a Igeja da abertura levada à prática pelo Papa Francisco, na continuação da obra iniciada na década 1950 por João XXIII, aprendessem alguma coisa com a História.

O Comunismo, a mais forte ideologia que  “concorreu” com a Igreja no século XX, na tentativa de cativar a “alma” e a “fé” dos deserdados, e que se revelou o maior logro do século passado, pela forma como os seus valores se afastaram da realidade imposta a ferro e fogo por legiões de burocratas, sem esquecer os crimes associados, conheceu, no final desse século, uma tentativa de renovação e abertura iniciada quando Gorbachev se tornou secretário Geral do PCUS, em Março de 1985.

Muitos viram em Gorbachev um sinal de esperança em renovar o comunismo, recuperando os valores em que essa ideologia se baseou, em defesa dos mais fracos e dos deserdados contra os crimes do capitalismo, tentando mostrar que era possível conciliar a liberdade e a democracia com a melhoria das condições sociais das populações.

Desde logo Gorbachev teve de enfrentar, dentro do seu próprio partido, a oposição dos burocratas bem instalados que não queriam deixar cair o poder que tinham construído à sua volta, mesmo que à custa de renegarem os princípios do socialismo e do comunismo que diziam defender.

Rapidamente começaram a conspirar contra Gorbachev  e a Perestroika (“reestruturação”) e a Glasnot (transparência) que ele defendia para a renovação do movimento comunista.

O ponto alto da conspiração dos “conservadores” foi o golpe de Estado de 19 e 21 de Agosto de 1991.

Como era obvio, o movimento de abertura iniciado por Gorbachev já não tinha retorno, pois as sementes de esperança já se tinham enraizado entre os povos de leste, e foram derrotados rapidamente.

O resultado da irresponsabilidade desses “conservadores” foi terem arrastado toda a ideologia socialista com eles, abrindo caminho à expansão do extremo oposto, a ideologia neoliberal, com as trágicas consequências que todos conhecemos e sentimos hoje na pele.

Os conservadores que agora tentam conspirar contra o Papa Francisco deviam aprender com esse acontecimento e perceberem que, ao tentarem destruir a obra de abertura deste papa, correm  o risco de arrastarem com eles toda a Igreja, destruindo todos os valores que dizem defender.

Os povos, tenham sido os que viviam sob domínio soviético ou sejam os que acreditam nos valores da Igreja, não abdicam facilmente da esperança de liberdade e renovação e  nunca perdoarão àqueles que os tentam enganar e retornar a uma visão conservadora da realidade.

Sem comentários: