Segundo foi divulgado em Agosto pela SIC, o livro de Luaty Beirão,
sobre a sua prisão em Angola, editado pela “Tinta da China”, teria sido
excluído da lista de livros da tradicional Feira do Livro da Festa do “Avante”.
Os organizadores da “Festa” declararam na altura que os critérios de
escolha de livros para a Feira não são da responsabilidade dessa organização
mas da distribuidora responsável pela Feira que se realiza no recinto do
evento.
Foi assim com alguma curiosidade que, este ano, percorremos o recinto
da Feira do Livro da Festa do “Avante” procurando detectar duas coisas:
- Se a editora “tinta da China” tinha retirado os seus livros em
protesto;
- Se existia um critério de censurar livros incómodos par o PCP e para
os convidados internacionais.
Como documento fotograficamente em baixo, nada disso se observou:
Vários livros editados pela “Tinta da China” encontravam-se expostos,
alguns até com destaque, nessa Feira.
Encontramos também muitas obras que chocam com a presumível “ortodoxia”
da organização.
A biografia de Pacheco Pereira
sobre Álvaro Cunhal, biografia não oficial, estava em lugar de destaque, obra,
aliás, editada pela “Tinta da China”.
Encontrámos ainda obras de autores críticos do comunismo, como Vargas
Llosa ou do escritor Cubano, critico do regime, Leonardo Padura.
Em termos ideológicos, encontramos várias obras de autores não
comunistas, críticos de todos os “totalitarismos”, como Hannah Arendt, ou autores
de correntes esquerdistas, rivais do comunismo ou críticos do PCP (“Luar”,
anarquismo, maoismo…).
Encontramos mesmo um livro de Jaime Nogueira Pinto.
Quanto ao argumento usado segundo o qual havia uma preocupação em não
“incomodar” países ou comitivas convidadas, também ficou desmentido pelo facto
de aí termos encontrado livros críticos, por exemplo, da Coreia do Norte
(designada como “Gulag” no título de um dos livros), ou uma investigação sobre
a corrupção do poder angolano.
Perante estes factos, o “Caso Luaty Beirão” não parece passar, ou de
uma história mal contada, explorada politicamente contra a “Festa”, ou de um
lamentável excesso de zelo de um qualquer funcionário mais ortodoxo da
distribuidora, ou ambas as hipóteses.
Claro que, sendo esta uma festa partidária, dominavam em cerca de 1/3
as obras “oficias” do PCP, ou os autores próximos do partido.
Este ano o destaque era para José Saramago e o bicentenário de Karl
Marx.
Duvido até que, numa festa do género organizada por qualquer outro partido português se encontrasse a diversidade ideológica que encontrámos nesta feira
Duvido até que, numa festa do género organizada por qualquer outro partido português se encontrasse a diversidade ideológica que encontrámos nesta feira
As Fotos, tiradas na Feira do Livro da “Festa” do “Avante”, que
revelamos em baixo, “falam” por si:
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