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quarta-feira, 12 de setembro de 2018

A Festa do Livro do “Avante e o “caso” Luaty Beirão.



Segundo foi divulgado em Agosto pela SIC, o livro de Luaty Beirão, sobre a sua prisão em Angola, editado pela “Tinta da China”, teria sido excluído da lista de livros da tradicional Feira do Livro da Festa do “Avante”.

Os organizadores da “Festa” declararam na altura que os critérios de escolha de livros para a Feira não são da responsabilidade dessa organização mas da distribuidora responsável pela Feira que se realiza no recinto do evento.

Foi assim com alguma curiosidade que, este ano, percorremos o recinto da Feira do Livro da Festa do “Avante” procurando detectar duas coisas:

- Se a editora “tinta da China” tinha retirado os seus livros em protesto;

- Se existia um critério de censurar livros incómodos par o PCP e para os convidados internacionais.

Como documento fotograficamente em baixo, nada disso se observou:

Vários livros editados pela “Tinta da China” encontravam-se expostos, alguns até com destaque, nessa Feira.

Encontramos também muitas obras que chocam com a presumível “ortodoxia” da organização.
A biografia  de Pacheco Pereira sobre Álvaro Cunhal, biografia não oficial, estava em lugar de destaque, obra, aliás, editada pela “Tinta da China”.

Encontrámos ainda obras de autores críticos do comunismo, como Vargas Llosa ou do escritor Cubano, critico do regime, Leonardo Padura.

Em termos ideológicos, encontramos várias obras de autores não comunistas, críticos de todos os “totalitarismos”, como Hannah Arendt, ou autores de correntes esquerdistas, rivais do comunismo ou críticos do PCP (“Luar”, anarquismo, maoismo…).

Encontramos mesmo um livro de Jaime Nogueira Pinto.

Quanto ao argumento usado segundo o qual havia uma preocupação em não “incomodar” países ou comitivas convidadas, também ficou desmentido pelo facto de aí termos encontrado livros críticos, por exemplo, da Coreia do Norte (designada como “Gulag” no título de um dos livros), ou uma investigação sobre a corrupção do poder angolano.

Perante estes factos, o “Caso Luaty Beirão” não parece passar, ou de uma história mal contada, explorada politicamente contra a “Festa”, ou de um lamentável excesso de zelo de um qualquer funcionário mais ortodoxo da distribuidora, ou ambas as hipóteses.

Claro que, sendo esta uma festa partidária, dominavam em cerca de 1/3 as obras “oficias” do PCP, ou os autores próximos do partido.

Este ano o destaque era para José Saramago e o bicentenário de Karl Marx.

Duvido até que, numa festa do género organizada por qualquer outro partido português se encontrasse a diversidade ideológica que encontrámos nesta feira

As Fotos, tiradas na Feira do Livro da “Festa” do “Avante”, que revelamos em baixo, “falam” por si:













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