Anda por aí grande agitação nos meios políticos e na
comunicação social sobre o fim do primeiro mandato de 6 anos da Procuradora
Geral da República.
Toda a direita, à falta de propostas para o país, faz da
recondução ou não da magistrada um caso a explorar politicamente, tal como o tinha
feito com a tragédia dos incêndios.
O argumento é a e a forma como a magistrada enfrentou os “poderosos”
e a sua “independência” face aos mesmos.
Objectivamente ninguém pode negar a competência da Drª Joana
Marques Vidal como Procuradora Geral da República.
Em comparação com os dois procuradores que a antecederam,
Souto Moura e Pinto Monteiro, ela, de facto, fez a diferença.
É verdade que não existe limite legal para a renovação do
mandato de 6 anos. Cunha Rodrigues exerceu o mandato durante 16 anos.
É verdade que foi no seu mandato que avançaram os processos “Operação
Marquês”, envolvendo um ex-primeiro ministro, José Sócrates, e várias figuras
de destaque no mundo empresarial e financeiro, “Monte Branco”, envolvendo
Ricardo Salgado e “Visto Gold”, envolvendo Miguel Macedo, ministro de Passos
Coelho.
Mas não é verdade que antes dela não se tivessem iniciado e
desenvolvido processo contra “poderosos”.
Entre muitos outros: “Caso
Portucale”, envolvendo figuras do governo de Santa Lopes, processo julgado em
2010; “Caso Face Oculta”, envolvendo Armando Vara, entre outros, com julgamento
iniciado em 2011 e com leitura de sentença em 2014;“Caso BPN”, envolvendo o
núcleo duro do cavaquismo, iniciado em 2011 e julgado já neste mandato, em 2017.
Há até uma comparação que se pode fazer entre o “antes” e o “depois”
de Joana Marques Vidal, que tem sido o arrastamento dos processos iniciados no
seu mandato, as constantes fugas de informação que enchem manchetes na
comunicação social, sendo mais rápido o julgamento público que o julgamento em
tribunal.
É um facto que até agora ainda não foi condenado um dos
únicos “poderosos” afrontados por Joana
Vidal, a não ser na praça pública, naquele que é um bom serviço prestado ao “populismo”
nacional.
Por último, ainda não se ouviu a opinião da própria sobre a
sua recondução, conhecendo-se apenas o que ela escreveu em 2013 e repetiu em2016, defendendo que o Procurador Geral da República apenas devia exercer um
mandato porque a “passagem dos anos retira-nos a
capacidade de distanciamento e de autocrítica relativamente à acção que vamos
desenvolvendo” (sic).
Pela minha parte, como cidadão, pesando prós e contras, Joana Marques Vidal, se o quiser, deve renovar o seu mandato, mas se não for renovado, não virá nenhum mal ao mundo...
O resto “é só fumaça”!
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