A Europa foi, ontem, alvo de mais um ataque terrorista.
Londres foi desta vez o alvo, mas sentimos que este tipo de ataque, sem
necessidade de grandes recursos, executado por um fanático isolado, pode
acontecer em qualquer grande cidade da Europa e do mundo.
A repetição e sequência deste tipo de ataques levante, desde logo, três
questões: em primeiro lugar, o terrorismo corre o risco de se tornar uma coisa
banal, com o qual temos de viver no dia a dia das grandes cidades; em segundo
lugar, começa a ser questionável se o tipo de tratamento que a comunicação
social dá a este tipo de actos terroristas não é ele mesmo gerador desse tipo
de actos, pelo espectáculo feito à sua volta e pela capacidade de multiplicação
de imitadores que o espectáculo pode provocar, pelo o desejo de “15 minutos de
fama” e de visibilidade que essa actuação permite à causa jhiadista ou à mera irrelevância
da vida de um louco solitário; em terceiro lugar a diferença de tratamento que
se dá quando o ataque terrorista é em solo europeu ou vitima europeus e ocidentais, em relação à pouca atenção que
merece um ataque, por vezes muito mais violento ou mortífero, quando tem lugar,
quase diárimanete, em África ou no Médio-Oriente e vitima “apenas” africanos e
àrabes.
A publicidade é o principal objectivo desses actos de terror, e por
isso era importante repensar a forma como esses acontecimentos são divulgados.
Um outro problema é todo um conjunto de questões que vou colocando aqui
de cada vez que se repete mais um acto bárbaro como o que ensombrou ontem a
cidade de Londres e que continuam sem resposta: quem financia o Daesh?; quem os
arma?; como é possível que a internet continue a funcionra como centro de
divulgação e recrutamento para a causa jhidaista? qual o papel de países como a
Turquia, um país da NATO, e da Arábia Saudita, um aliado tradicional do
“ocidente”, já para não falar no papel ambíguo de Israel, no meio de tudo isto?...
Em recente documentário exibido num canal por cabo, julgo que no “Odisseia”,
levantava-se alguma ponta do véu, confirmando-se o papel da Turquia na
canalização de matéria processada pelo “Estado Islâmico”, como o petróleo e o
algodão, que estão na base de parte do seu financiamento, negócio com o qual lucram
muitas empresas ocidentais ligadas o petróleo e à industria têxtil, não sendo
de estranhar se todos nós, quando colocamos gasolina no carro ou compramos
roupa não estamos indiretamente a financiar o Daesh.
… e já para não falar no envolvimento, directo ou indirecto, do sector financeiro
mundial e da industria de armamento no “apoio” ao Daesh, como, noutros tempo ou
noutras áreas geográficas, “apoiam” ditaduras e a degradação social, desde que
o lucro fácil esteja garantido.
Por isso é bom que a repetição de actos terrorista não nos levem a
banalizar esse mal e a deixar de tentar perceber e exigir saber quem
está por detrás dessa gente.
Por agora, o populismo de extrema direita é o beneficiário mais visível
da barbaridade desses actos…mas não é o único…
…Dêem menos espectáculo e investiguem mais, senhores jornalistas!!
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