No "Público" deste Domingo a jornalista Alexandra Lucas Coelho escreve
sobre o encerramento de mais uma loja de alfarrabista em Lisboa, a Livraria
Avellar Machado (“Pequena História de como esta semana o mais antigoalfarrabista fechou portas”).
Desde que me lembro de calcorrear as ruas de Lisboa que o percurso dos
alfarrabistas fazia parte desse prazer que relaciono sempre com essa cidade.
Este é um prazer que deixei há algum tempo, umas vezes por razões económicas
outras por falta de tempo e, actualmente, mais do que por qualquer dessas
razões, por falta de espaço para guardar as muitas relíquias que ia encontrando
nessas passeatas.
Agora, quando, mais de longe em longe, me entretenho a percorrer as
ruas de Lisboa, principalmente entre a Baixa, o Chiado, o largo da Misericórdia
e o Bairro Alto, deparo-me com o desaparecimento de muitas dos antigos
alfarrabistas que faziam as minhas delicias, espaços mágicos para quem gostava
de se surpreender com aquele cheiro a
papéis velhos de revistas e livros que já ninguém queria e que nos levavam a
viajar no tempo por um preço acessível.
Hoje, os que restam só sobrevivem vendendo obra a preços proibitivos, pagos
por algum coleccionador novo rico que acha aquela velha encadernação ou capa de
revista uma boa decoração de sala ou
anda atrás de revivalismos da moda.
O gosto pelo livro velho, por edições raras, por periódicos
desactualizados tornou-se uma raridade de “maluquinhos” como eu.
Já nem as bibliotecas publicas aceitam, sem um torcer de nariz ou um
rotundo não, doações desses livros “velhos”.
Com o encerramento desses espaços é também um pouco de nós e da nossa Lisboa que
morre.
Que saudades do cheiro a papel velho!!!
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