Quando nos convidam para a casa de alguém, ainda por cima com viagem e almoço pagos, vamos procurar ouvir o que nos têm para dizer e comentar o que nos pedirem, não vamos publicar nas redes sociais reparos, com bocas indirectas e deselegantes, sobre a disposição, o estilo ou arrumação dos móveis da casa do nosso hóspede.
Mas, em sentido metafórico, foi isto que Draghi veio fazer a Portugal, onde se deslocou a convite do Presidente da República, para assistir ao primeiro Conselho de Estado e inteirar-se in-loco da situação económica e social de Portugal.
A idéia de trazer os burocratas não-eleitos da União Europeia, os "donos disto tudo", para se confrontarem com a realidade dramática dos resultados das decisões que eles tomaram na sombra dos seus gabinetes e dos chorudos e milionários salários que recebem pela função, parece-se interessante.
Mas para resultar era preciso que o convidado fosse uma pessoa tolerante, aberta de espírito e liberal, o que não foi o caso.
O homem entrou em Portugal com uma série de idéias feitas e saiu na mesma, enviando recados em todas as direcções.
O sr. Draghi, assim que pôde, não se conteve e teve de lançar umas bocas indirectas exigindo mais "reformas estruturais" e elogiando o desastre social provocado pela intervenção em Portugal da "sua" troika.
Confesso que já não posso ouvir falar em "reformas estruturais", não que eu não ache que a Europa não precisa de reformas.
Só que o que eu acho que são as reformas estruturais necessárias não são as mesmas que essa gente apregoa.
Para mim as reformas estruturais passam pela democratização e transparências das decisões das instituições europeias, pela submissão do poder financeiro ao poder políticos, económico e social, e pela tomada de decisões que melhorem a vida dos cidadãos, protegendo-os do corrupto sistema financeiro europeu e mundial.
Mas para essa gente, Draghis, Constâncios e Cª, quando falam de "reformas estruturais" falam de cortes em salários e pensões, mais impostos sobre empresas produtivas e trabalhadores, mais cortes nos direitos sociais, para facilitar a vida ao corrupto sistema financeiro (os tais "mercados") que lhes paga os chorudos ordenados.
Foi pena o sr. Graghi não ter aproveitado a ocasião para tentar perceber melhor o mau resultado social das "reformas estruturais" que impôs aos portugueses e, já agora, para esclarecer o papel da instituição que dirige no caso BANIF, que vai custar ao cidadãos deste país mais uns milhares de milhões de euros, saidos directamante dos nossos bolsos..
É caso para dizer: para além de arrogante, intolerante, socialmente desumano, o sr. Draghi também é... MALCRIADO!!!!
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