O escândalo
"Panama Papers" só pode surpreender pela dimensão e os incautos.´
Empresas de
advogados como aquela que agora foi denunciada proliferam às centenas pelo
mundo fora, muitas sediadas em offshores na própria União Europeia.
A Grã-Bretanha
possui três ilhas que não pertencem à União Europeia exactamente para fugir a
qualquer controle financeiro.
Recentemente tivemos
a confirmação que o Luxemburgo é ele próprio uma “pátria” offshore, que durante
anos andou a apoiar empresas para fugir ao fisco de outros países europeus,
situação que aconteceu em governos de Juncker, premiado com a liderança da
Comissão Europeia.
Outros países,
como a Holanda, país de origem do impronunciável líder do Eurogrupo, faz o
mesmo e, aqui há uns tempos atrás, também ficámos a saber que 19 das 20
empresas do PSI20 da bolsa portuguesa tinham empresas subsidiárias nesse país
para fugirem ao pagamento de impostos em Portugal.
O que pode
surpreender neste novo caso é a dimensão e, ao mesmo tempo, a informação
selectiva que vai saindo a público.
É no mínimo
estranho que não tenha aparecido, até agora, qualquer norte-americano
envolvido, embora existam muitas explicações para isso, como o facto de, nos
próprios Estados Unidos existirem offshores que oferecem melhores condições para
escapar ao fisco do que as oferecidas por aquela empresa agora denunciada.
Este escândalo
é apenas uma pequena ponta do iceberg desse mundo obscuro em que se move o
sistema financeiro mundial.
Calcula-se que
as empresas offshore lavam e escondem, em dinheiro, o dobro de todo o
rendimento anual do conjunto dos países da União Europeia.
Claro que tudo
é legal e que muitas personalidades envolvidas não são directamente citadas
neste caso, recorrendo a testas de ferro ou a empresas fictícias.
Contudo, nada
disto é eticamente aceitável, principalmente quando se vive numa situação de
crise financeira mundial onde os únicos sacrificados são os que pagam os seus
impostos e os que trabalham.
Muitos dos
advogados, políticos e “Ceos” envolvidos nessas empresas são aqueles que passam
a vida na comunicação social, com o colaboracionismo vergonhoso desta, a
debitar discursos em defesa da austeridade, da redução de salários e pensões e
da redução do Estado Social , em nome da defesa dos “mercados”, os tais
mercados que vivem à sombra desses offshores.
Mais
escandaloso ainda é ver os defensores deste sistema financeiro e deste “mercado”,
ao mesmo tempo que defendem a livre circulação financeira, preocupados em encerrar as fronteiras para
impedir a livre circulação de pessoas que fogem à guerra e à miséria, guerra e
miséria fomentada pelos obscuros negócios que se fazem à sombra dessas
offshores.
Espero que
esta revelação, não sendo nova nem surpreendente, leve os cidadãos a reagir e a
exigir o fim e a ilegalização desse tipo de offshores e o julgamento de todos
os envolvidos.
A propósito
desse tema, deixo em baixo a transcrição da crónica de José Vitor Malheiros publicada
na edição de hoje do jornal “Público”:
"Os impostos são só para os trabalhadores e para os pobres
"Esta fuga de informação diz respeito apenas a UMA empresa de advogados, com sede no Panamá, a Mossack Fonseca. Muitas outras do mesmo tipo existem no mundo.
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