A desunião e a falta de solidariedade, bem como a cobardia política da
maioria dos líderes políticos europeus, ficou mais uma vez evidente na última
cimeira de ministros europeus para debater a situação dos refugiados.
Mais uma vez ficou provado também que a adesão dos países do leste à
União Europeia foi feita de forma apressada e irresponsável, a mesma
irresponsabilidade que já ficou provada em relação à criação da moeda única.
De irresponsabilidade em irresponsabilidade, de cobardia em cobardia,
de falta de solidariedade em falta de solidariedade, se vai destruindo o mítico
“espírito europeu” que esteve na origem da criação da União Europeia.
E já agora convém mais uma vez destruir alguns mitos que se têm vindo a
afirmar no seio dos burocratas da europa, de alguma comunicação social e até
entre muitos cidadãos, sobre a questão dos refugiados.
Não, os refugiados não são terroristas. Pelo contrário eles são as
primeiras vítimas do terrorismo do chamado Estado Islâmico e do terrorismo de
muitos “estados” do Norte de África e do Médio Oriente. A esmagadora maioria
dos terroristas que têm atacado o ocidente viviam e tinham passaporte de países
europeus, nem vêem para a europa em botes a afundarem-se ou sujeitos a
caminhadas indignas. Claro que pode haver excepção e infiltrados, mas para os
identificar existem os serviços secretos dos países ocidentais.
Não, os refugiados não são invasores nem obedecem a qualquer esquema
maquiavélico para ocuparem a Europa. O número de refugiados é uma gota de àgua
na população europeia e a esmagadora maioria vive refugiada no seu próprio país
e em países vizinhos: cerca de 4 milhões de refugiados no seu próprio país, a
Síria, outros tantos nos países vizinhos, Jordânia, Libano, Turquia e Egipto.
Se Portugal absorveu num ano mais de 500 mil refugiados na década de 70, numa
altura de grande instabilidade política e social e de grande crise económica,
porque é que a Europa, a região mais rica do mundo, com 500 milhões de
habitantes, não será capaz de absorver as centenas de milhares de refugiados
que chegam ao continente?
Não, os refugiados não vão desequilibrar os “valores” culturais e
religiosos da Europa. Mesmo que todos os refugiados fossem muçulmanos, e muito
não o são, representariam um acréscimo de menos de 1% na população muçulmana a viver na Europa,
ou seja, esta passava de 4 para 5%...
Por último, não, a Europa não pode ser desresponsabilizada pela
situação que provocou esta vaga de imigrantes, ou seja, as guerras no
Afeganistão, no Iraque, na Líbia e na Síria, Basta ler a posição de muitos dos
líderes políticos europeus quando se tratou de desencadear aqueles conflitos,
para se perceber a grande (ir)responsabilidade do ocidente na situação. Aliás, está ainda por
esclarecer a responsabilidade do ocidente no financiamento e armamento do Estado
Islâmico e de outros grupos terroristas. É bom recordar que a Arábia Saudita, o
grande aliado do ocidente na região, é o grande apoiante dos grupos terroristas
sunitas, e continua a impedir o acolhimento de refugiados provocados pelas
guerras que eles apoiam, com armamento fornecido à Arábia Saudita …pelo
ocidente.
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