O pior da Europa ( e também alguma coisa do que tem de melhor, com algumas surpresas pelo meio...) tem vindo ao de cima com a actual crise dos refugiados.
Os governos da Inglaterra e da Hungria têm liderado a mais abjecta e vergonhosa campanha contra a dramática situação dos emigrantes, enquanto os governos da Alemanha e da Austaria têm revelado, para surpresa nossa, o outro lado da moeda, o lado da defesa dos valores solidários da Europa.
Pelo meio o habitual "Nim" da França.
Mas será bom recordar que o que tem provocado tanta agitação e atitudes ignóbeis de alguns governos, como o da Hungria, que, se tivessemos gente corajosa a liderar a União Europeia, estaria neste momento a ser convidada a deixar a União, é a situação de cerca de 200 mil refugiados, a maior parte fugindo de guerras alimentadas pela irresponsabilidade da política internacional do ocidente.
A este propósito convém recordar um episódio recente da história portuguesa.
Em pleno PREC, e nos primeiros anos da consolidação democrática em Portugal, atravessando o país uma das mais dramáticas e difíceis crises políticas, económicas e sociais do século, este pequeno país, que então não pertencia à União Europeia e tinha uma moeda em desvalorização acentuada, conseguiu, em cerca de um ou dois anos absorver cerca de 500 mil refugiados, expoliados de tudo, vítimas de uma descolonização dramática.
E esses mais de 500 mil refugiados (há quem fale num milhão), integrou-se rápidamente na precária sociedade portuguesa e muito contribuiu para o período de maior desenvolvimento econónico, cultural e social de Portugal, nas décadas de 80 e 90, do século XX.
Por isso, quando vemos a confusão que reina na União Europeia, com 500 milhões de habitantes e onde estão os países mais ricos e desenvolvidos do mundo, por causa da crise da emigração, e o problema que estão a colocar à integração de cerca de 200 mil refugiados, sentimo-nos cada vez mais envergonhados por pertencermos a este espaço que é a União Europeia.
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